"O PSDB e o PT não precisam ser inimigos declarados por toda a vida", disse o tucano Aécio Neves ontem sobre sua amizade colorida com o petista Fernando Pimentel, que gerou um candidato único à sucessão de Pimentel na prefeitura de BH. Os dois não têm mesmo nada a perder com o apoio conjunto a Márcio Lacerda (PSB), a terceira via, porque nem o PSDB nem o PT tinham candidatos. A aliança em torno do PSB foi uma saída honrosa, além de um investimento. Se não têm nomes para 2008, Aécio e Pimentel queimam etapas para 2010, ambos como pré-candidatos. Aécio, a presidente; Pimentel, a governador. Um por todos, todos por um -e contra São Paulo. Lula é a principal força eleitoral, mas não tem sucessor. E José Serra é o principal candidato, mas não tem ainda força eleitoral. Falta-lhe a unidade do PSDB, e a aliança com o DEM pode implodir no confronto Alckmin-Kassab em São Paulo. Lula tentou encher a bola de Dilma Rousseff, mas ela não voou até agora. Ciro Gomes voltou a desfilar e a dar opiniões por aí, mas ninguém acredita que o PT assimile apoio a um candidato de fora. Do outro lado, Serra, por ser de São Paulo, ser o favorito e ser acusado de queridinho da mídia, acaba sofrendo o efeito diametralmente oposto: São Paulo é muito mais fiscalizado e criticado do que Minas; quem sai na frente muito cedo apanha por muito mais tempo; e a mídia não perde uma boa chance de demonstrar independência. Enquanto, por baixo, petistas e tucanos arrancam estrelas e penas uns dos outros, por cima, Lula e Aécio, muy espertos, antes de muy amigos, se preservam e estão obviamente acertando um pacto de não-agressão. No mínimo. Aécio, como o próprio Serra, corre o risco de ficar sonhando com o coração de Lula, que já tem dono. O resultado pode ser dor de cotovelo, além de um bom banho nas urnas. |