O Estado de S. Paulo |
3/1/2008 |
Para quem viaja de avião, os aborrecimentos não param nos atrasos, nos cancelamentos de vôo ou na venda de passagens em excesso (overbooking). Outro problemão é o que é feito da bagagem. São danos, violações ou extravios cada vez mais freqüentes. Nada menos que 11,5% das reclamações que chegam à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) são sobre isso. Como observa o advogado Joandre Ferraz, coordenador jurídico do Sindicato das Empresas de Turismo do Estado de São Paulo (Sindetur), pela lei, o extravio só se configura 30 dias após o sumiço da bagagem. Mas, para o passageiro, qualquer dia sem poder trocar de roupa ou sem acesso a produtos de higiene é enorme complicador, principalmente para quem está longe de casa. Pesquisa recente realizada nos Estados Unidos pela American Airlines descobriu que a principal razão do extravio de bagagem em seus vôos é o sistema de impressão dos códigos de barras das etiquetas coladas nas malas. A sujeira acumulada nas impressoras produz adesivos com códigos difíceis de ler. O sistema acaba mandando a bagagem para o avião errado. O Brasil ainda não informatizou esses serviços. As bagagens são separadas, transportadas, embarcadas ou desembarcadas manualmente. Por que o problema é tão freqüente por aqui? Para Paulo Roberto de Lima, chefe da Seção de Aviação Civil do Aeroporto de Brasília, a principal causa é a concentração de vôos de manhã e no fim da tarde. “Por medida de segurança, não pode haver muitos funcionários no mesmo local dentro do aeroporto, o que dificulta a tarefa nos períodos de grande fluxo.” E há as conexões. São os vôos mais vulneráveis a extravios. Se o primeiro trecho atrasa, pode não haver tempo suficiente para que a bagagem troque de avião. Em períodos de pico de demanda, como nas férias de fim de ano, a probabilidade aumenta. O extravio de bagagem ainda não é considerado alarmante no Brasil. Nos Estados Unidos, somente em setembro foram 315 mil reclamações, como apontam estatísticas do Departamento de Transportes do país. O movimento aéreo no Brasil não chega a 10% do norte-americano. Mas os extravios em vôos nacionais vêm aumentando desde 2006, reconhece Márcia Christina Oliveira, técnica de Defesa do Consumidor do Procon-SP. “Esse caos - atrasos de vôo, cancelamentos - ajuda a criar uma situação em que o passageiro muda de vôo, mas a bagagem não.” Outra agravante, para ela, é a terceirização do serviço de transporte das bagagens dentro do aeroporto, o que leva a companhia aérea a se sentir menos responsável pelo que acontece com elas. Existem custos para as empresas que falham nesse serviço. Elas devem pagar ao passageiro um “vale compras” ou reembolsá-lo, em caso de gastos com produtos de primeira necessidade e alimentação. E têm 30 dias para localizar a bagagem. Se isso não ocorrer, devem pagar multa de antigas 150 Obrigações do Tesouro Nacional (OTN) por quilo de bagagem, que, por determinação do Banco Central, equivalem entre R$ 23 e R$ 27, e ficam sujeitas a processo judicial. Mas nada compensa o transtorno. Confira Galope - Este é um dos mais importantes medidores da evolução dos preços das commodities agrícolas. Dois fatores explicam a alta: aumento do consumo asiático e crescente utilização de milho para fabricação de etanol nos Estados Unidos. |