O eleitor brasileiro é um rematado imbecil. Não, não é minha opinião. É a opinião das pessoas que esse suposto imbecil elege. Mais concretamente, é a opinião do mundo político, sem distinção de partidos. É a única explicação possível para as inúmeras peças legislativas que tratam de eleições. Fico, por falta de espaço, com o exemplo mais recente, o da permissão para o repasse de verbas do PAC a Estados e municípios durante o período eleitoral, permissão em vias de ser vetada, no arrastão para tentar aprovar a prorrogação da CPMF. Por que não é permitido o gasto público em período eleitoral? Porque, supõe o legislador, o imbecil do eleitor será "comprado" por uma ponte na cidade "xis", ou um posto de saúde no município "y", ou mesmo uma fonte luminosa em alguma parte do país. Não há o menor problema em o eleitor ser "comprado" dessa forma (na outra, a convencional, com dinheiro vivo, sim, há um crime, não um inconveniente). É do jogo se o votante sente que uma dada necessidade sua está preenchida pela obra tal ou qual e, por isso, dá o seu voto a quem, na sua visão, é o responsável pela obra. Democracia funciona exatamente assim: eu voto em quem atende, legal e legitimamente, a minha necessidade, seja ela física, moral, ética, intelectual ou tudo isso junto ou o que mais o leitor queira. Não há a menor razão para que, no período eleitoral, se proíba o funcionamento da máquina pública, estadual, municipal ou federal, a não ser a presunção -profundamente elitista- de que o eleitor será enrolado. Como, especialmente no Brasil, são mil e uma as formas de enrolação, faz-se um cerco legisferante de proteção ao suposto imbecil. Que há enrolação, é inegável, mas os instrumentos para minimizá-la não são leis restritivas e, sim, educação e informação. |