Foi um troca-troca deslavado entre governo, PT e PSDB: salvaram a cabeça do tucano Eduardo Azeredo pela aprovação da CPMF. De quebra, o Senado "sobrestou" (quer dizer, deixou pra lá) a sexta representação contra o ex-presidente, ops!, o presidente licenciado Renan Calheiros. Nada nesta vida é por acaso, muito menos decisão política e menos ainda acordo entre governo e oposição. Tudo tem preço. Mas, para não parecer um acordão cru, indigesto, os tucanos alegam que "pressionam" o governo para "um projeto melhor". Daí o blablablá de que negociam redução de impostos, menos gastos públicos, uma migalha ou outra para os governadores. A mesma história da Câmara. Toda a operação fortalece o interino Tião Viana, que é do PT e vem sendo solapado pelo PMDB, o maior partido e principal aliado do Planalto. Um petista na presidência incomoda duplamente os peemedebistas, porque, pelo critério da proporcionalidade, a vaga é do PMDB. Eles não querem perdê-la. Além disso, o PT já tem a presidência da República e a da Câmara. Mas Tião Viana tenta tirar partido (em mais de um sentido) da disputa. Ele cresceu no vácuo, pois a bancada do Senado está abalada pela falta de rumo de Mercadante e pelo excesso de governismo de Ideli Salvatti e de independência de Suplicy. E cresceu na direção da oposição. Tem bom diálogo com os tucanos desde o governo FHC e foi o articulador das conversas com o PSDB sobre Azeredo-CPMF. Para o Planalto, Tião Viana também convém, pois a única coisa que interessa a Lula nessa confusão toda é prorrogar a CPMF. Depois é depois. Lula terá tempo para cuidar do PMDB. O médico é Tião Viana, mas enrolar e tratar as feridas dos outros é com ele mesmo. Alô, alô, Infraero! O vôo Campinas-Brasília é de 1h20, e a entrega da bagagem leva 45 minutos. |