O PMDB é necessário, instável e caro para o governo Lula, como já foi para o de FHC. Uma verdadeira amante argentina. Lula é sólido na Câmara, e seu ponto vulnerável é o Senado, onde tem uma maioria precária, a oposição é mais barulhenta e o PT, frágil e inexperiente, depende do PMDB. Quanto mais frágil o PT, mais forte o PMDB, especialmente num ano em que o governo joga o seu peso para aprovar a prorrogação da CPMF até 2011 e assim garantir R$ 32 bilhões só em 2008. Lula e o PT já amargaram o desgaste do salvamento de Renan Calheiros na presidência do Senado, mas o PMDB é insaciável. Quer mais, porque acha que a CPMF é o grande momento da festa. Depois não haverá grandes votações de interesse do governo e, portanto, nada de muito bom a barganhar. O grande susto (é verdade que com algumas risadinhas petistas) foi na quarta-feira, quando o Senado deu uma surra no governo e derrubou a MP criando a Secretaria de Planejamento de Longo Prazo, chefiada pelo filósofo Roberto Mangabeira Unger. A derrota, porém, não é de Unger, é de Lula. Já que dividem muitas e muitas coisas em comum, Lula e FHC poderiam pelo menos chorar essa mágoa juntos. O ex conhece muito bem essa história de negociar com um partido grande, dividido e ávido como o PMDB, e Lula nem sabe que tudo está apenas começando. O pior vem nas eleições. Para acalmar os ânimos por ora, Lula deve torcer para acabar logo a novela da CPMF. Até lá, tome de cargos, de emendas e de votos pró-Renan. Bem feito! Nem FHC nem Lula patrocinaram de fato a reforma política. Um agüentou. O outro que agüente agora também. Movimentos feministas realizam hoje atos em diferentes capitais, especialmente Rio e Salvador, defendendo o aborto responsável e seguro. A favor da vida, não da morte. |