sábado, julho 28, 2007

VEJA Carta ao leitor


Uma modesta proposta

Jamil Bittar/Reuters
Pires passa o cargo a Jobim: o novo ministro da Defesa tem "carta branca" para resolver a crise. Que tal usá-la para contratar uma consultoria externa?

Entre centenas de mortos, alguns feridos, milhares de passageiros revoltados e milhões de cidadãos assustados, o governo finalmente reconheceu a existência do caos aéreo no Brasil. Para começar a dissipar as nuvens pesadas no horizonte da aviação, o presidente Lula colocou Nelson Jobim, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, à frente do Ministério da Defesa, em substituição a Waldir Pires. O novo ocupante da pasta, que terá sob sua responsabilidade tanto a Aeronáutica quanto a Infraero, reconheceu de pronto que havia falta de comando na gestão da crise e que era necessário agir rápido para acabar com ela. Jobim afirmou, também, que tinha recebido "carta branca" do Planalto para cumprir sua missão. O discurso forte de Jobim tenta eliminar a impressão generalizada – e compreensível – de que o governo, outra vez, ficará apenas no blablablá. VEJA, evidentemente, torce para que o ministro tenha êxito. Só os mal-intencionados não gostariam de assistir ao seu sucesso na recuperação da segurança do sistema aéreo brasileiro.

VEJA, no entanto, se propõe a ir além da torcida. Quer dar uma contribuição, ainda que modesta. Ela está na reportagem que os leitores encontram nesta edição. Os repórteres Duda Teixeira e Rosana Zakabi mostram que recorrer a consultorias externas, para resolver nós em aviação, é um procedimento que já foi adotado em diversos países – inclusive aqueles com um grau superior de desenvolvimento, casos de Suíça e Áustria. As empresas especializadas no assunto, além de know-how, contam com técnicos imparciais. Sem ligações formais com este ou aquele órgão (ou informais com esta ou aquela companhia), eles não têm por que esconder ou amenizar as falhas encontradas. É preciso analisar com frieza os problemas na malha aérea e na estrutura aeroportuária nacionais, a fim de que as soluções sejam visíveis quanto antes. Não há motivo, portanto, para que se elimine a possibilidade de contratar os serviços de profissionais estrangeiros. O nacionalismo, aqui, é apenas o refúgio dos irresponsáveis.