Não fosse o Banco Central (BC) - este abominável estranho no mundo petista - manter a política econômica de FHC e conduzi-la com profissionalismo, equilíbrio e competência, o desempenho da economia seria muito pior do que os 4,4% de crescimento previstos para 2007, quase metade dos 8% projetados pelo FMI para a média de países emergentes. A confiança dos investidores na gestão do BC contribuiu para o ingresso de investimentos estrangeiros no País atingir recordes de US$ 10,3 bilhões no mês passado e US$ 32,3 bilhões nos últimos 12 meses. E, se os Ministérios Setoriais ajudassem - ou, pelo menos, não atrapalhassem -, essa cifra certamente teria sido maior, aproximando-se dos números de China e Índia. Só que, em vez de festejá-la, ministros petistas e de outros partidos demonizam a direção do BC e não cansam de propor a demissão de Henrique Meirelles. Já pensou, leitor, o que seria se um deles assumisse o lugar de Meirelles?
Certamente foi no setor aéreo que a marca da gestão-fracasso mais tragédias humanas e mal ao País causou. O jornal inglês Financial Times escreveu: "Difícil decidir qual das ações do governo é mais representativa da incompetência em dar resposta a uma crise que já dura dez meses." A empresa aérea American Airlines orientou seus pilotos a regressarem aos EUA tão logo constatem sinal de perigo à integridade física dos passageiros. São manifestações que deveriam envergonhar o comando do governo.
Foi também no setor aéreo que outra marca petista - ganhos políticos acima de tudo - mais vítimas causou: ao investir milhões e milhões de reais na ampliação de aeroportos, entre eles o de Congonhas, a Infraero caprichou em fachadas luxuosas, pisos reluzentes, iluminação sofisticada, no visual para impressionar usuários, mas descuidou da segurança, das pistas de pouso, de modernizar equipamentos e o sistema técnico de controle de vôos. Só que desta vez o ganho político virou perda e contribuiu para as vaias a Lula no Maracanã, na abertura do Pan. Se o ministro Nelson Jobim está determinado a recuperar a confiança perdida nesses dez meses de crise, precisa investigar com rigor as suspeitas de superfaturamento em obras nos aeroportos e punir os infratores.
Incompetência em gestão é o que não falta ao governo Lula. O binômio companheiros do PT-partidos aliados, que o presidente Lula tem usado em fartura para leiloar cargos e entregar lascas do governo, é o que dá fôlego à gestão-fracasso, à paralisia administrativa, a práticas de corrupção. O BC cuida de oferecer condições básicas para o País crescer, desenvolver, mas pára por aí. Cabe aos Ministérios definir ações, priorizar recursos e decidir regras que estimulem o investimento público ou privado em cada setor. É neste sentido que, salvo raras exceções, os Ministérios mais atrapalham do que ajudam.
O Ministério da Educação passou o primeiro mandato inteiro discutindo uma reforma universitária que não saiu. Só agora o ministro Fernando Haddad começou a agir. Na Saúde, o ex-ministro petista Humberto Costa se envolveu com corrupção e nada fez. Seu sucessor tenta recuperar o tempo perdido. Nos Transportes, a operação tapa-buraco fracassou, desperdiçou dinheiro público e só depois de quatro anos o governo reconheceu que a saída é privatizar estradas. E por onde andam as Parcerias Público-Privadas, as famosas PPPs? Quem ouviu falar de alguma ação do Ministério das Mulheres? E o Ministério das Cidades? Promete, anuncia, mas não toca obras de saneamento. E as reformas sindical e trabalhista? O espaço acabou, leitor, a incompetência é tanta que não cabe nele.