O gaúcho Nelson Jobim não está apenas assumindo o controverso Ministério da Defesa. Ele está se transformando também num novo fator político e entrando no horizonte governista para 2010. Isto é: se conseguir ultrapassar a forte turbulência do setor aéreo e chegar inteiro até lá. Jobim assume a Defesa com as TVs mostrando todo dia os aeroportos, onde pais gritam, mães choram, crianças dormem pelo chão. Sem contar, evidentemente, a estridente dor dos parentes das vítimas do vôo da TAM JJ 3054. Se der certo, Jobim estará naturalmente mexendo no tabuleiro político do governo, hoje sem peças para a sucessão presidencial. O PT e o PMDB não morrem de amores por Ciro Gomes nem têm nomes para encabeçar a chapa governista contra os presidenciáveis mais evidentes da oposição, os tucanos José Serra e Aécio Neves. Lá atrás, quando Lula ainda estava fragilizado pela crise do mensalão, a dupla dinâmica do PMDB, José Sarney e Renan Calheiros, trabalhou intensamente para alçar Jobim à condição de candidato. Se tivesse chances, bem que ele aceitaria. Mas Lula foi-se recuperando celeremente, Jobim nem chegou a admitir a vontade. Agora ministro, passa a ser uma estrela em ascensão e não precisa mais de intermediários. Estará colado em Lula. Jobim tentará organizar o setor aéreo, terá verbas para agradar aos militares e fará uma intermediação pragmática entre o governo Lula e os tucanos. Assim, poderá se habilitar como presidenciável ou vice numa chapa governista. Só falta competir contra Serra, seu amigo. Para o momento, uma coisa é bem clara: os maiores adversários de Jobim não serão os democratas nem os tucanos, mas a dura realidade e a bagunça instalada no governo desde a queda do vôo 1907 da Gol no ano passado. Assumir um ministério fantasma já é complicado. Botar ordem no caos é pior ainda. |