sábado, maio 26, 2007
MILLOR
Não, o Brasil não é
o único país corrupto
do mundo. Mas a nossa corrupção é
a mais gratificante.
O MPB4 AJUDA O DR. SÇOBRAL A COMBATER O MAL
Nesta época, em que todos os instantes são gravados para a eternidade, em que, graças ao celular, o instante, afinal, virou o instantâneo, transcrevemos este diálogo que, há muito tempo, gravamos entre o MPB4 e o nonagenário Dr. Sobral Pinto, grande jurista. Ainda havia juristas em Berlim.
MPB4 – Doutor Sobral, menos mal. Feliz aniversarial! Doutor Sobral, queremos lhe ajudar a combater o Mal. O que é que é, onde é que está, como e que se faz pra combater o Mal?
SOBRAL – (Todo de preto. Guarda-chuva.) O mal, meu rapaz, é Satanás. Na forma de mulher, que faz o que bem quer. Na forma de tecnocrata, que vende pátria barata. O mal, repito, meu rapaz, é Satanás.
MPB4 – Satanás, doutor Sobral, aquele? Aquele mesmo? Aquele antigo? Aquele velho Satanás?
SOBRAL – Satanás não envelhece. É sempre novo. E está em todas! Satanás é como a Petrobras.
MPB4 – (Cochichando) O que é que ele quer dizer com isso?
SOBRAL – Não cochicha aí não, ô Babalaô! Isso não quer dizer nada. É só uma rima, não é uma solução.
MPB4 – O senhor acha mesmo que Satanás ainda funciona – em 1989?
SOBRAL – Satanás, meu rapaz, é imortal. É por isso que precisamos matá-lo. Eu o conheço muito bem – passei estes primeiros noventa anos de minha vida a combatê-lo, a não deixá-lo em paz.
MPB4 – Mas isso não é um paradoxo? O senhor não deixa o diabo em paz; como ele não gosta de paz, o senhor faz o jogo dele.
SOBRAL – É. Isso é o diabo!
MPB4 – E o senhor está certo de que ele anda mesmo por aí?
SOBRAL – Dividido e, ao mesmo tempo, multiplicado. Como Lúcifer, Alemã e Belial, ele dirige essas revistas, tipo Playboy, cheias de mulheres nuas mostrando todas as suas pecinhas de relógio.
MPB4 – Quer dizer que o senhor examina essas fotos com cuidado?
SOBRAL – Tecnicamente! Não tente apanhar-me em falta, meu jovem. Cuidado com sua alma, Rui! Conheço a técnica infiltradora do Mal. Você se confessa?
MPB4 – Sempre que poço.