sábado, maio 19, 2007

Legging: peça de alto risco para a elegância

Comportamento de risco

Uma calça colante como meia, que pode dar
em desastre? Claro que as mulheres adoram


Bel Moherdaui

Fumar, beber em excesso, fazer sexo inseguro, escalar montanhas, lançar-se de pára-quedas – a lista dos comportamentos de risco é longa e conhecida. No caso das mulheres, talvez devesse ser acrescentado a ela o uso de legging, aquela peça do vestuário parte calça, parte meia que faz neste inverno sua volta triunfal depois de um breve e pouco memorável apogeu na década de 80. "Você sai na rua e só vê mulher de legging", constata a estilista Mara Mac Dowell, do Rio de Janeiro, que seguiu a onda geral e incluiu o modelo na coleção de inverno da sua marca, Mara Mac. As vantagens da calça colante são evidentes: ela está na moda, é prática e muito confortável, combina com botas ou sapatos leves, protege as pernas quando vestidos curtos não dão conta da temperatura ou da decência. Infelizmente, o uso de alto risco pode superá-las, especialmente nos casos em que as leggings, em vez de disfarçar imperfeições, as acentuam, com especial crueldade no caso de pernas e quadris avantajados. "É uma roupa sexy, que a brasileira adotou com gosto. Mas é preciso usar com consciência e respeito", diz Mara.

Fotos Otavio Dias de Oliveira

ASSIM, NÃO
A lista de abusos é longa e diversificada: estampado e branco, só para quem tem muito estilo; quadril à mostra, só sendo Sienna


Como no caso dos comportamentos de risco mais convencionais, o uso de legging pode ser viciante. Prova disso é a freqüência com que tem aparecido no guarda-roupa da atriz americana Sienna Miller, considerada uma lançadora de tendências em escala global. Como tem corpo de celebridade que vive da aparência, e não corpo de mulher normal, Sienna sempre fica bem, seja em momento esporte (com vestido soltinho e sandália rasteira), social (de corselete e salto agulha) ou de gala (com top dourado e bolero). A origem da calça grudada como segunda pele está na Idade Média, quando fazia parte do vestuário masculino, acompanhada de sapatos de saltinho e casacos curtos e volumosos. Repetir a experiência medieval é bobagem na certa: de forma geral, quanto mais comprida a parte de cima, menos risco há de a parte de baixo dar errado. Além disso, quanto mais curta a blusa, maior a probabilidade de que a calça colante evoque o ambiente de academia, o que é impróprio para quem não está suando nos aparelhos. "Em São Paulo tem muito disso: a mulher vai dar uma corridinha e fica o dia inteiro com roupa de ginástica e tênis. É o exagero da informalidade", fulmina o editor de moda Giovanni Frasson.

"Não cobrir o bumbum é vulgar. Quando for escolher o top, imagine que, da cintura para baixo, está usando lingerie", aconselha a consultora de moda e estilo Helena Montanarini. Outro mandamento: "Legging branco, colorido e estampado é só para quem sabe combinar muito bem o visual e domina o código da moda. Para não errar, melhor o preto". Se o vestido ou bata for de tecido muito leve, de cor reveladora, os especialistas recomendam atenção redobrada, uma vez que detalhes salientes da anatomia que se pretendia esconder poderão saltar à vista mais ainda envoltos em malha colante. Nos pés, a combinação mais adequada é a sapatilha baixa. Sapatos de salto fino, botinhas curtas e as sandálias altas com plataforma na frente que estão por toda parte (meia-pata é o nome assustador delas) requerem mais cuidado na composição. Na dúvida, é bom lembrar que os homens em geral acham estranha essa peça e preferem os vestidos acompanhados de seu complemento mais natural – pernas de fora.