PARIS - Quando o euro foi lançado, faz cinco anos, um punhado de economistas de renome, desses que são sempre citados pelos jornais, previu que a nova moeda rapidamente disputaria com o dólar o papel de moeda de reserva. Erraram. Houve de fato alguma procura pelo euro, mas nada que causasse vexame ao dólar.
Quando nasceu, o euro comprava US$ 1,20. Depois, foi caindo, caindo, até chegar a valer meros US$ 0,80. Período em que ilustres economistas, desses que os jornalistas adoramos citar um dia sim e outro também, juravam por Deus (e pelo mercado) que a fabulosa nova economia norte-americana reduziria a pó a "velha" Europa.
Também erraram. Ontem, o euro bateu o recorde em relação ao dólar, chegando a US$ 1,3667. Recorde alcançado justo no dia em que os dados sobre o crescimento da economia dos Estados Unidos causaram decepção. O que é curioso é que a alta contínua do euro não fez até agora nenhum dos economistas que tomamos como oráculos dizerem que a economia européia é imbatível, maravilhosa e, portanto, o euro continuará a subir até perder o dólar de vista.
Espero que o silêncio tenha sido em respeito aos erros cometidos antes, e não conseqüência da adoração ao modelo norte-americano, o que tem levado sistematicamente a desancar a velha Europa, exceto o Reino Unido, o país europeu cujo modelo mais se aproxima do norte-americano.
A verdade é que toda a evolução científica e tecnológica não foi capaz de acabar com os ciclos econômicos. O homem ainda não inventou a economia perfeita. Quem, como o Brasil, tem uma economia (e uma sociedade) altamente imperfeita, não precisa macaquear um ou outro modelo, mas tentar aproveitar o que cada um tem de melhor, sem preconceitos e idéias fixas. E sem oráculos, que os nossos erram todas as previsões.