Se Nelson Jobim virar presidente do PMDB, no domingo dia 11, Lula terá o partido de ponta a ponta, desde as bases até a cúpula, passando pelas bancadas da Câmara e do Senado. Como costuma dizer o próprio Lula, "nunca antes neste país" se viu algo assim, pois o PMDB há muitos anos é rachado exatamente ao meio. Quer dizer: era. Com Lula, está unidíssimo e virou o maior partido governista das galáxias. Vença Jobim ou vença Michel Temer (que quer completar uma década na presidência do PMDB), o partido já é e já está lulista. A diferença é que Temer vem de longa jornada tucana e fernandista e está em fase de compor e ceder. Jobim é um independente que saiu do fernandismo direto para o lulismo no primeiro dia do primeiro mandato de Lula. E é duro na queda. Temer presidiu a Câmara e é embrenhado naquela Casa. Sua vitória significa que os deputados vão ter maior poder de barganha e vão dividir os cargos de governo com o Senado de Renan Calheiros e José Sarney, agora lulistas desde criancinhas e aliados de Jobim. Jobim foi deputado há muitos anos, depois ministro da Justiça, por fim presidiu o Supremo e, agora, é "só advogado". Com ele, as negociações mudam de figura, pois não é de pequenos conchavos e pequenos cargos. Nem tem paciência para isso. Vai querer participar das grandes decisões. Se a eleição fosse hoje, Temer estaria eleito. Mas eleições são imprevisíveis, especialmente no PMDB, e Jobim ganhou fôlego com a adesão de quase todos os governadores do partido. A questão é saber qual o peso do voto dos deputados. Governadores querem ficar bem com o Planalto para terem projetos e verbas; deputados, para aprovar suas emendas no Congresso. Os primeiros apóiam Jobim, os segundos estão com Temer. E quem ganhar define o eixo da reforma ministerial, aquela que nunca sai. |