terça-feira, fevereiro 27, 2007

Mais uma sacada genial de Lula: “venceu” de novo cedendo à chantagem




O mito está de volta. Durante boa parte do primeiro mandato de Lula, a política externa brasileira, desastrada como é, era considerada a melhor área do governo, inclusive por jornalistas. Não li ainda o noticiário desta terça, mas sinto certa preguiça antecipada. Assim como a tungada da Bolívia no Brasil foi considerado um grande êxito do Apedeuta, o mesmo leremos sobre o Uruguai.
Qual foi a grande vitória do Brasil? Ah, a mesma que ele conseguiu com a Bolívia: o país faz chantagem, e Lula “vence” fazendo concessões, entenderam? Desta feita, foi Tabaré Vazquez quem ameaçou: ou o Brasil cedia algumas facilidades, ou o irmão do Sul faria um acordo de livre comércio com os EUA fora do âmbito do Mercosul. Aí Lula assinou cinco acordos, que passam por investimentos brasileiros no Uruguai. E o país se comprometeu a respeitar a TEC (Tarifa Externa Comum) qualquer que seja o entendimento com os americanos — Bush estará no Uruguai dentro de 12 dias —, e fica, assim, provado, mais uma vez, que Lula realmente é dotado de poderes extraordinários. Vem por aí o Paraguai. A energia de Itaipu que aquele país vende ao Brasil já se transformou em tema de campanha eleitoral.
Quem diria? Somos vistos como o império de gente ainda mais miserável do que nós. Até aí, bem. O pior é o governo brasileiro acreditar nisso. O Uruguai está meio chateado porque, em 2006, o Brasil exportou pra lá US$ 1 bilhão, mas só importou US$ 618 milhões. A economia do país deve ser, assim, tão possante quanto a do bairro de Santo Amaro. E a culpa não é nossa. Aliás, a culpa nunca é de ninguém. Culpa, já escrevi aqui, serve mais à literatura. O Mercosul não é uma zona de livre comércio. Não consegue nem mesmo ser uma união aduaneira. E vai ser preciso equilibrar a balança dos países-membros?
Lula tem razão numa coisa: o Mercosul realmente tem sido de grande utilidade para os países mais pobres do... Mercosul. E está sendo um mau negócio ser o mais rico no meio dos pobretões.
Por Reinaldo Azevedo