quinta-feira, janeiro 25, 2007

To PIB or not to PIB MELCHIADES FILHO

BRASÍLIA - Para a economia, o PAC pode não passar de peça de retórica. O governo promete fazer o que já é feito, investir o que não tem e renunciar àquilo que não arrecada. Daí a reação morna dos mercados. Mas, do ponto de vista da política, o pacote nada tem de tímido.
Até prova ao contrário, Lula fixou uma marca para o primeiro (e talvez o segundo) ano do novo mandato. Vem aí o show de trocadilhos.
EmPACado, PACman, PACtóide, PACderme, TuPAC... Isso não é pouco, sabem os marqueteiros.
Ao catalogar em detalhes as obras, o governo não só pauta as reivindicações da oposição como procura delimitar a atuação dos aliados. O partido fará o ministro, não as prioridades do ministério. "Porteira fechada" agora é assim.
Ao menos até a primeira votação ir para o brejo, pleitos e emendas parlamentares ficarão a reboque.
Tarso Genro já avisou que o PAC será o "grande teste da coalizão". No reparte de verbas, as bases eleitorais parecem ter sido todas contempladas. O Brasil pode não crescer 4,5%, mas a Bahia de Jaques (metrô, São Francisco, BRs 101/ 116/324 etc.) na marra vai. Se alguém estrilar? O "dado concreto" é que Salvador registra a maior desigualdade de renda do país.
Por fim, o dinheiro novo do PAC -R$ 48 bi (2007-10) transferidos do pagamento de juros para a infra-estrutura- estará livre de cortes orçamentários e poderá ser rolado de um ano para o outro, de acordo com os interesses do Executivo.
Enquanto a crônica pára para ver o PIB passar, a Casa Civil pensa o biênio seguinte. Não há, afinal, garantias de que o PAC encherá as urnas. No cenário otimista, o crescimento será um fiador invisível do voto -como a inflação em baixa e o consumo em alta no ano passado.
As apostas para 2010 (ou 2014) são o Luz para Todos e computador e banda larga nas escolas públicas. Esses mapas Dilma Rousseff não mostrou no telão na segunda-feira.