Ser ou não ser Chinaglia -a questão tornou-se vitrine da fratura exposta do PSDB. De um lado, jogam juntos Serra e Aécio, que hoje representam o exercício e a perspectiva de poder para os tucanos; de outro, juntaram-se FHC e Alckmin, para quem a eleição de 2006 não terminou. Os primeiros agem e pensam como governo; os últimos precisam ser 100% oposição para ainda respirar. Não é um jogo equilibrado. Aquele que poderia mediá-lo, o presidente do partido, é figura ausente. Na prática, Tasso já é -e será cada vez mais- satélite do planeta Ciro. Não demorou uma semana para que Serra esquecesse o que escreveu e pregou na posse. O PT -aquele que emperra o crescimento e renova a cultura patrimonialista- tornou-se parceiro de ocasião. O governador conta com o partido rival para eleger o presidente da Assembléia paulista contra o candidato do PFL (Rodrigo Garcia) e ajuda, com a outra mão, o PT a eleger o presidente da Câmara contra o candidato do PC do B, Aldo Rebelo, que até ontem se gabava de ser o elo entre Serra e Lula. O embaralhamento das legendas mostra como são frouxas no país as clivagens partidárias e ideológicas. Serra e o PT paulista têm ainda um interesse comum para 2008: remover Alckmin da disputa municipal, abrindo caminho para que ela se trave entre Marta e Kassab. São notórios, aliás, os esforços de Serra para sufocar as pretensões e apagar as marcas de seu antecessor. Isso, porém, parece menos novo e importante do que o confronto aberto entre Serra e FHC. Amigos íntimos, freqüentemente discordaram, mas nunca duelaram para a platéia. Candidato em 2002, Serra conteve como pôde suas críticas conhecidas à política econômica, que ajudou a derrotá-lo. O jogo mudou. Os governadores de São Paulo e Minas selaram um pacto: vão juntos até 2008 e querem até lá dar trégua a Lula. Tudo o que lhes atrapalhar no partido será tratado como café-com-leite, até mesmo as palavras de FHC. |