DAVOS- Os irmãos Caetano Scannavino Filho e Eugênio Scannavino Netto trocaram a tropicalíssima Amazônia pela neve dos Alpes suíços, mais exatamente pelo encontro anual do Fórum Econômico Mundial. Mais que um choque térmico, sofreram o que eles próprios chamam de "choque cultural". Os Scannavino comandam o projeto "Saúde e Alegria", tema de bela reportagem de Marcelo Leite nesta Folha. Para quem não leu, trata-se de uma iniciativa que atende 30 mil moradores da região do rio Tapajós, nas áreas de educação, saúde e economia da floresta. O projeto foi um dos empreendimentos sociais premiado pela Fundação Schwab (de Klaus Schwab, fundador e presidente do Fórum Econômico Mundial), com o apoio desta Folha. Por isso, os Scannavino estão em Davos, tentando vender suas idéias e tecnologias ao grande empresariado que é a clientela do fórum. Contaram a eles que podem produzir vasos sanitários a US$ 2. Imaginavam que executivos altruístas se ofereceriam para financiar a massificação da produção, tão necessária em um país de reconhecida carência em saneamento básico. Que nada. Foi-lhes sugerido que vendessem a tecnologia a US$ 50 por vaso. "A lógica do pensamento social é completamente diferente da lógica do lucro", constatam. Não pense, no entanto, que eles desistiram. "Se pudermos aproximar cada vez mais o capital do social, tanto melhor", dizem. "Se não houver essa colaboração, não há perspectiva", completam. Não que as ONGs (organizações não-governamentais) não tenham, elas próprias, soluções a oferecer. Ao contrário: os Scannavino andam para baixo e para cima com um "guia de soluções práticas para problemas comuns". Mas sentem que, isolados, não podem ir muito longe. Por isso arriscaram-se ao choque nos Alpes. |