DESTA VEZ , não faltaram "culpados" pela crise nos aeroportos. Para a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), o "efeito dominó" foi provocado pela chuva que, anteontem, obrigou ao fechamento, por cerca de 50 minutos, do aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Já para o comandante do Decea (Departamento de Controle do Espaço Aéreo), major-brigadeiro Paulo Hortênsio Albuquerque Silva, a responsabilidade cabe às empresas aéreas -em especial a TAM-, que estariam retendo as aeronaves no solo até a total ocupação dos assentos. A TAM, por sua vez, admitiu estar enfrentando longos atrasos, os quais atribui ao mau tempo e a uma queda no sistema de computadores da companhia no aeroporto do Galeão, no Rio. O observador de bom senso precisa ainda acrescentar a essa lista o maior número de viagens típico do final de ano e a operação-padrão deflagrada pelos controladores de vôo após a tragédia com o Boeing-737/800 da Gol, em setembro passado. A única certeza é que, devido à explosiva combinação de "greve branca" e falta de discernimento na hora de definir as verbas a serem contingenciadas, o sistema de controle aéreo do país está operando no limite. Basta sobreporem-se dois ou três imprevistos e instala-se o caos. A solução duradoura do problema exigirá investimentos e, principalmente, algum tempo de maturação. O que surpreende é o descaso do governo e das companhias aéreas com os usuários. Com um horizonte certo de turbulências à frente, as empresas não se organizam para criar um esquema emergencial a fim de munir os passageiros com informação. E o governo exibe mais uma faceta da incompetência com que pilota a crise ao não exigir que seja montado um mecanismo eficiente para prestar contas aos prejudicados pela baderna aérea. |