EDITORIAL |
O Globo |
27/10/2006 |
TEMA EM DISCUSSÃO: Privatização Somou-se a isso uma reação inesperada de extratos da população, aparentemente saudosos de um Estado paquidérmico, povoado de empresas controladas por corporações, subjugadas a interesses políticos paroquiais e incapazes de prestar bons serviços à sociedade. O tema merece estudos para se entender melhor de que se constitui essa alma autárquica de parte dos brasileiros. São abundantes os dados que comprovam o acerto das privatizações. Para os mais céticos, acaba de ocorrer a compra da segunda maior produtora de níquel do mundo, a canadense Inco, pela Vale do Rio Doce, um negócio inviável se a Vale continuasse nas mãos do Estado. De vigésima mineradora do mundo, quando era uma companhia pública, a Vale é agora a segunda. Com mais empregados e mais impostos recolhidos ao Tesouro. Também agora, outra ex-estatal, a CSN, um dos símbolos da incompetência siderúrgica do Estado-empresário, fecha um acordo de fusão com uma usina americana, enquanto estuda a oferta para a compra da Corus, a ex-British Steel, símbolo do aço inglês. Os avanços na telefonia, por sua vez, são incontestáveis. Mesmo no setor elétrico, cujo modelo ainda está por ser aperfeiçoado, a simples quebra do quase monopólio estatal estancou a sangria de dinheiro do contribuinte. Estima-se que, apenas em dívidas não pagas no próprio universo das estatais, cerca de US$20 bilhões tiveram de ser absorvidos pelo Tesouro, um dos chamados "esqueletos" financeiros escondidos nos armários da burocracia estatal. Por sorte, a situação fiscal do Estado brasileiro impede a volta do pesadelo estatizante. |