BRASÍLIA - Com as quedas de Dirceu e de Palocci e com o esfarelamento do "núcleo duro", Dilma Rousseff -que só trocou o PDT pelo PT em 2001- passou a ser o homem forte do governo Lula. Sua primeira afirmação de poder foi quando comandou o Minas e Energia com mão de ferro, ampliou o sistema elétrico e baixou tarifas. Depois, assumiu a Casa Civil no lugar de Dirceu, em junho de 2005, e seis meses depois já criava o maior fuzuê com Palocci ao criticar publicamente a política de arrocho. Superados Dirceu e Palocci, ela chega ao provável segundo mandato como dois-em-um: formalmente na Casa Civil, na prática ela interfere também na Fazenda. Não é segredo que Dilma manda em Guido Mantega (Fazenda), em paulo bernardo (Planejamento), em Silas Rondeau (Minas e Energia) e sai atropelando. Mesmo com todo o seu prestígio com Lula, Celso Amorim que se cuide. Logo, logo, ela vai querer se meter na área externa. Se é que já não se mete. O poder de Dilma vale para dentro e para fora do Planalto. Dentro, porque se comporta como professora implacável, e os ministros morrem de medo dela. Fora, porque passou a verbalizar as mudanças que se avizinham, desde o mergulho do Brasil na energia nuclear à guinada desenvolvimentista. Dilma, porém, precisa dosar bem os limites, para não começar a provocar desconforto no chefe. Até por ser acusado de nunca ter administrado nada na vida, nem uma mera diretoria pública ou uma prefeitura do interior, Lula gosta de demonstrar poder e comando. E, pior, detesta concorrência. Ele vivia incomodado com Dirceu e com Palocci. Dirceu resistia aos "toques", embevecido pela aura de eminência parda do governo. Palocci sorria, bonachão, fazendo gênero humilde e cordato. O risco de Dilma, portanto, é curioso: seu poder pode se tornar justamente sua maior fraqueza. |