FOLHA
RIO DE JANEIRO - Deve ser a água de Campos-ou a cana ali cultivada- que faz alguns nativos só enxergarem o próprio umbigo. Vide o exemplo de Garotinho, empenhado em eleger um conterrâneo para a Câmara. Ou do falecido Caixa D'Água, que, ao dirigir o futebol do Rio, manipulava tabelas em favor do Americano de sua terra natal.
Para quem atingiu 15% nas pesquisas e parecia um vetor capaz de levar a eleição presidencial ao segundo turno, é incrível como Garotinho, em vez de estar subindo em palanques importantes pelo país, tenha virado o supercabo eleitoral do senhor Geraldo Pudim.
Mas também deve ter algo no ar do Rio. Ou Cesar Maia, que chegou a ser pré-candidato à Presidência pelo PFL, não teria virado um (ex) blogueiro a analisar o quadro eleitoral através de mensagens eletrônicas espalhadas na rede: "Muito bem, dona Heloísa Helena, é assim que se faz". "Troca o teleprompter e fala para a câmara, Alckmin".
Em março, quando este pé de página resolveu especular sobre qual seria o papel do Rio na eleição nacional, não dava para imaginar que Garotinho e Maia estariam tão fora do jogo cinco meses depois.
Vale lembrar o início daquele texto: "Como no futebol, em que os grandes times do Rio não emplacam no Brasileiro, se a eleição nacional for se realizar dentro do quadro desenhado hoje [em março], políticos daqui nem sequer lutariam contra o rebaixamento. Ganhariam logo papéis secundários na disputa de outubro -uma decisão paulista". E o fim: "Garotinho e Cesar sonham alto, mas podem acabar como Flamengo e Vasco: arqui-rivais no Rio e nada mais".
Bom, ao menos Fla e Vasco decidiram a Copa do Brasil, atalho para a Libertadores. Os dois políticos caíram direto para a terceira divisão nacional, onde está, no futebol, o Americano do Caixa D'Água.