BRASÍLIA - Enquanto petistas e tucanos esgrimem na campanha, Lula e FHC já admitem para interlocutores comuns, como o deputado Sigmaringa Seixas, ex-PSDB, atual PT, que, depois dos mensaleiros e da centena de sanguessugas, o risco é de crise política duradoura. Ruim para o país, péssimo para o futuro presidente, seja quem for. "Se o sistema não mudar, vamos ter de triplicar as cadeias", me disse ontem o ministro do Planejamento, paulo bernardo (PT). O Executivo pretende assumir uma espécie de "pacote" moralizador, a partir da retomada de um projeto do então senador pefelista Waldeck Ornelas (BA) que muda o Orçamento da União, acabando com as emendas individuais e aumentando os sistemas de controle, para evitar desvios. Há duas intenções no resgate de um texto pefelista: pegar carona num projeto que já está em tramitação, para ganhar tempo, e, de quebra, comprometer a oposição com um processo comum para tentar tirar o Congresso do fundo do poço. Não é tarefa fácil. Na CPI do Orçamento, em 1993, os denunciados vinham da ditadura militar, acomodados pelo poder dos generais e animados pela falta de transparência. O que mais assusta agora é que os atuais envolvidos foram forjados já na democracia. E não são mais aqueles 16 de 1993, são em torno de cem. E podem voltar ao Congresso, ao lado de notórios mensaleiros. O Congresso não cortou a carne podre, não há mais tempo para cassações, os partidos deram legenda aos seus mensaleiros e sanguessugas, e o povo mal informado ou mal-intencionado vai devolver toda a corja para Brasília. Sem uma frente de políticos e de não-políticos para dar um choque no sistema político e no Orçamento, a casa cai. O futuro governo viverá sobre escombros. Ou morrerá sob eles.
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