quarta-feira, julho 05, 2006

A cascata das cotas e a maioria silenciosa Blog do Reinaldo Azevedo

http://blogdoreinaldoazevedo.blogspot.com/

O tal Estatuto da Igualdade Racial e a política de cotas raciais nas
universidades acabarão sendo aprovados. É mais uma vitória dos
“profissionais” da causa sobre o cidadão comum. Afinal, trabalha-se
ate mesmo com a mentira deslavada de que a maioria no Brasil é
constituída de negros, quando não é: a maioria é branca: 52,3%;
declaram-se pardos 41,4%, e apenas 6% são negros. Registre-se, a
propósito, que as distinções visíveis, digamos, a olho nu entre
“brancos” e “pardos” são cada vez menos perceptíveis. Para a maioria
de brancos, pardos e negros, a questão não tem a menor importância. O
Brasil discrimina é pobre. Os números dos estudantes universitários,
e demonstrarei isso aqui mais tarde, provam que as cotas são
desnecessárias porque o perfil da universidade já acompanha o da
sociedade no que respeita às raças. As distorções são ligeiras e
acabarão em breve. Sem precisar estuprar a Constituição. Mas, mesmo
assim, a tendência é que se aprove o tal estatuto porque os políticos
ficarão com medo de comprar briga com as lideranças barulhentas. Eis
aí uma daquelas causas que eu adoraria ver votadas num referendo ou
num plebiscito. Afinal, todos amamos o povo, não é mesmo? Questões
como essa sempre me remetem ao referendo sobre a proibição da venda
de armas legais. Não havia um só bacana no Brasil que não votasse
“sim”. Quando as coisas foram devidamente explicadas ao distinto
público, os quase 80% de “sim” se esfarelaram em 15 dias. Mas esse é
um tema sobre o qual os intendentes da causa não querem ouvir a
população. Tentaram até mesmo impedir que os deputados votassem. Um
grupo de intelectuais foi ontem entregar um documento aos presidentes
da Câmara e do Senado, desta feita a favor da cotas. Entre os
signatários, estava Fábio Konder Comparato, uma espécie de animador
de auditório das teses plebiscitárias. Desta feita, ele não quer
ouvir o povo. Ah, sim: se eu tivesse alguma dúvida sobre a minha
opinião a respeito, ela teria sido desfeita de imediato: Emir Sader
está lá, defendendo o estatuto. Sader é aquele que, num artigo,
referindo-se à política israelense de eliminação dos terroristas,
escreveu: “Os assassinatos seletivos visam à eliminação física dos
principais líderes palestinos, aqueles que podem catalisar a
identidade de um povo sem Estado e sem pátria.” Eu nunca tinha olhado
o terrorismo segundo o prima da catalisação da identidade... Sader é
mesmo um pensador admirável. E, claro, nesse particular, as oposições
continuarão caladas, reféns do PT. Sabem quem, definitivamente, não
precisa de cotas no Brasil? Os idiotas. Já estão bem representados.
Algum deputado aceitaria patrocinar um projeto exigindo que só
bípedes com a coluna ereta podem exercer cargo público ou dar aula em
universidade?