terça-feira, julho 04, 2006

Carcereiros alvejados EDITORIAL


Folha de S. Paulo
4/7/2006

MAIS DO que ataques a indivíduos, os atentados atribuídos à facção
criminosa PCC contra agentes carcerários são uma agressão ao Estado.
Tal atitude não pode ser tolerada. Ao que tudo indica, os servidores
foram covardemente assassinados por serem representantes do poder
público e desempenharem a função de manter a disciplina nos presídios.
Infelizmente, não estamos diante de casos isolados, mas do que parece
ser uma estratégia para disseminar o terror entre os agentes
prisionais e, por extensão, outros grupos que lidam com a segurança
pública.
O Estado de São Paulo registrou, no domingo, o quarto assassinato em
cinco dias. O carro de um quinto agente também foi alvejado no fim de
semana, mas o carcereiro conseguiu escapar ileso. Ao dirigir suas
ações contra representantes do poder público, o PCC vai assumindo um
perfil claramente terrorista. São atitudes que lembram as da Máfia e
de outros sindicatos do crime. Nenhum deles, vale lembrar, triunfou
sobre o Estado.
A afronta aberta pelo comando criminoso legitima uma ação mais
incisiva de parte das autoridades. Não se trata de agir ao arrepio da
lei, mas de intensificar a vigilância sobre a população carcerária. É
importante identificar novas lideranças da quadrilha e isolá-las
imediatamente em regimes prisionais mais rígidos, os quais impeçam
completamente a comunicação do preso com seus comandados.
Na outra ponta, cabe ao Estado tomar providências para reforçar a
segurança dos servidores das penitenciárias. Os que tiverem razões
para sentir-se pessoalmente ameaçados devem receber proteção especial.
A sociedade não pode ceder à chantagem de criminosos que pretendem
transformar celas em escritórios de comando para suas atividades
ilícitas.