Comemorado com estardalhaço pelo governo, o crescimento do PIB de 1,4% no primeiro trimestre não deve ser recebido com tanta euforia. O resultado mantém a rotina dos últimos anos da economia. Os trimestres se alternam entre bons e maus resultados, fruto da limitação de crescimento do país pela falta de investimento. A opinião é do economista Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central no governo Fernando Henrique Cardoso. Para ele, enquanto a taxa de investimento no país estiver na faixa de 20% do PIB, o crescimento da economia estará sempre limitado a uma faixa de até 4% ao ano. "O primeiro trimestre foi bom, mas logo vamos convergir para a média, que é inferior ao ritmo de 4% ao ano", afirma Franco. "Nós estamos no topo da média." Se comparado aos países emergentes em geral, o Brasil tem registrado um crescimento muito baixo. "Se forem excluídos alguns períodos excepcionais, como os do Plano Cruzado e do Plano Real, a economia brasileira não tem apresentado um bom resultado há 30 anos, e não será este governo que vai resolver o problema", diz. Para Gustavo Franco, o comportamento da economia abaixo do potencial do país é resultado da política monetária conservadora do Banco Central e do descaso com as reformas estruturais, que, a seu ver, foram deixadas em segundo plano pelo atual governo. "O governo não tem projeto para o país." Franco não critica o fato de o BC adotar uma política conservadora, comportamento normal, segundo ele, em qualquer parte do mundo, mesmo na China. Já as reformas, a seu ver, são fundamentais para atrair investimentos para o país. O dado de expansão de 1,4% da economia brasileira no primeiro trimestre foi bom, mas logo vamos convergir para a média, que é inferior ao ritmo de 4% ao ano [...] Estamos no topo da média GUSTAVO FRANCO ex-presidente do Banco Central |