Folha de S. Paulo
27/6/2006
Se até o chefe, ao menos o chefe mais imediato, Vinicius Torres
Freire, tirou férias do espaço que dividimos neste canto, ainda por
cima achando que "é melhor discutir com Parreira do que com essa
gente [o mundo político]", eu deveria é aproveitar a intensa vida
social e noturna de Bielefeld, mundialmente aclamadas, para fazer
como ele. Se é melhor ou não falar com Parreira, não sei. Sei que
estou aqui atrás de Luiz Felipe Scolari e sua "família", concentrados
a uns 20 quilômetros, num belíssimo hotel-castelo. Goste-se ou não de
Scolari, ele ao menos não é monótono, previsível e entediante como a
maioria dos políticos tupiniquins. Aliás, eu teria mais direito a
abandonar os assuntos ditos sérios (mas que, no Brasil, são uma
piada), porque a cada dia as manchetes me permitiriam recauchutar
algo já escrito. Exemplo: a manchete de ontem da gloriosa e garbosa
Folha era "FHC diz que Lula ganha em corrupção". Bastaria que eu
recuperasse nos arquivos o texto "Torneio de delinqüência", do ano
passado, e pronto, teria ganho o dia honestamente. O que ainda
permite uma mini-micro réstia de esperança é o fato de que alguns
leitores/eleitores percebem as coisas. Como Maria da Conceição de
Avelar Andrade (Sete Lagoas, MG), que escreveu para o "Painel do
Leitor": "No período eleitoral, a lorota é a mesma: o governo promete
prioridade à educação. Será que a prioridade é professores mal-
remunerados, alunos fora da escola, merenda escolar desviada em
prefeituras, escolas sucateadas? Não haverá ensino de qualidade sem a
devida valorização da área". Também já escrevi algo parecido. Mas é
bom saber que tem gente vendo que "essa gente" não tem uma só idéia
para o país.