A base do confronto entre defensores da candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva e apoiadores de Geraldo Alckmin ora se restringe ao embate entre o tema do desempenho administrativo e o da ética. Petistas enfatizam as cifras que julgam favoráveis no cotejo com a gestão Fernando Henrique Cardoso; tucanos exploram os desmandos que se abateram sobre o governo Lula. Esse padrão ficou mais uma vez patente na entrevista concedida a esta Folha pelos deputados federais Ricardo Berzoini (PT-SP) e Sérgio Guerra (PSDB-PE). Berzoini preside o seu partido e está cotado para assumir, na chapa de Lula à reeleição, a coordenação de campanha, posto ocupado por Guerra no front tucano. Como as estratégias de ataque estão decantadas, as de defesa parecem configuradas. O PT quer diminuir o efeito eleitoral da série de eventos envolvendo integrantes do partido e/ou do governo com escândalos de corrupção transferindo ao sistema a responsabilidade pelas faltas. Vai tentar convencer o eleitor de que todos na política praticam pecados, afirmando que integrantes do tucanato também cometeram os seus. Já os tucanos têm dois modos de rebater a propaganda petista declinando números que tentam mostrar que o governo Lula tem melhor desempenho que o de FHC. O primeiro é, como Guerra frisou, dizer que se trata de contextos internacionais (um, o de FHC, de sucessivas crises; outro, o de Lula, de bonança) incomparáveis e enfatizar a performance ruim da economia sob Lula comparada a outros países. O segundo é argumentar que a origem das conquistas vendidas na propaganda petista está no governo tucano. Na atual fase do embate -espécie de ensaio eleitoral-, as pesquisas mostram que o confronto nessas bases tem mantido o favoritismo do presidente da República. Nada garante, porém, que os brasileiros tenham a mesma reação quando expostos a doses intensivas de propaganda, a partir de meados de agosto. |