quarta-feira, abril 26, 2006

OAB reafirma: decisão sobre impechment sai em maio

- Blog josias 26/05


O presidente da OAB, Roberto Busato,
considerou "radical" e "inconseqüente" a promessa dos movimentos sociais de reagir a um eventual pedido de impeachment contra Lula. Alcançado pelo repórter no Panamá, onde se encontra nesta terça-feira, Busato reagiu com vigor à entrevista que o presidente da CUT, João Felício, concedeu ao blog na noite passada.

 

Felício dissera o seguinte: "Se algum tresloucado do neoliberalismo avançar nessa direção (do impeachment), nós vamos reagir". Referindo-se à Ordem dos Advogados do Brasil, o presidente da CUT delcarou: "Espero que a OAB não entre com uma proposta dessa natureza. Falar em impeachment do Lula é loucura. Vai dividir o país."

 

"Divisão é esse radicalismo inconseqüente de movimentos tidos como sociais mas que estão derivando de sua posição", rebateu Busato. "A Ordem continua do mesmo lado em relação à sociedade brasileira, na sua luta a favor da ética, da moral. E, infelizmente, vê hoje os movimentos sociais, que sempre foram abrigados por ela, tachá-la, por meio de seus dirigentes,  de tresloucada, de neoliberal, o que é um atentado a tudo que a Ordem dos Advogados do Brasil construiu a favor da República".

 

Busato disse que a "reação radical" dos movimentos sociais apenas "coloca mais fervura dentro desse caldeirão que é a crise política brasileira". Ele afirma que "a OAB não é nenhuma neoliberal, ela não é essa entidade tresloucada que leve a população a uma crise intransponível. Muito pelo contrário".

 

O presidente da OAB recomenda aos líderes da CUT, do MST e da UNE, entidades "que não têm tanta história como a Ordem, que olhem para trás e vejam a história da Ordem". Descobrirão, segundo diz, que "ela passa pela história do Brasil. A Ordem não construiu a sua história sendo neoliberal, ou sendo uma entidade absolutamente de esquerda."

 

Busato diz que "esse pessoal da CUT e do MST" precisa lembrar que, "no tempo dos militares, a OAB foi tachada de subversiva, de entidade de esquerda, e mesmo assim ela fez a defesa de todos aqueles que estavam na trincheira da oposição do regime discricionário." Ele lembrou que esteve com Lula na semana passada. "Explicamos a nossa posição, e não podemos ser tachados de entidade que leve o país a uma situação de divisão."

 

O presidente da OAB reafirmou que a entidade vai discutir o impeachment de Lula em reunião do seu Conselho Federal, marcada para 8 de maio. O debate será feito, segundo ele, "sem qualquer intenção político-partidária. Eu disse isso ao presidente da República, claramente, e foi entendido por ele."

 

"Eu disse ao presidente que, em relação a essa questão, ele poderia ter uma certeza: a entidade não transformará esse processo num palanque eleitoral, seja a favor dele, seja a favor da oposição. Nós não podemos aceitar qualquer tipo de patrulhamento, seja ele dos radicais, de que lado for, de que situação for".

 

Para Busato, "o país não pode persistir nessa crise ética e moral que o vem assolando a praticamente dois anos". Ele acrescentou: "Nós temos que dar fim a isso. E talvez seja a maneira da Ordem contribuir para o país, examinando o impeachment e dizendo se é caso ou não é caso impeachment, para que se tente de uma vez por todas apaziguar a nação brasileira nesse ponto e  para que tenhamos eleições que sejam absolutamente isentas, sem qualquer revanchismo de lado a lado".