quinta-feira, abril 27, 2006

Lucia Hippolito na CBN:Um estranho no ninho


Comentário da cientista política 

 

"Em todo partido e em toda eleição é a mesma coisa. Se há um candidato natural, ele surge "naturalmente" e reúne o apoio do partido em torno de seu nome.


É o caso de Lula, no PT, em todas as eleições que disputou. De vez em quando Eduardo Suplicy tentava ser candidato, mas o PT sempre decidia por seu candidato natural.


Da mesma forma, em 1994, Fernando Henrique surgiu como o candidato natural do PSDB, depois de seu desempenho como o ministro que implantou o Plano Real. Fernando Henrique entusiasmou os tucanos e acabou arrastando os pefelistas.


Já nas eleições de 2002, o candidato natural dos tucanos teria sido Mário Covas, se as trapaças da sorte não tivessem tirado o governador da disputa – e da vida – em 2001.


José Serra praticamente impôs sua candidatura. Resultado: rachou o PSDB, não conseguiu atrair os tucanos mais ariscos, afastou o PFL.


E perdeu a eleição.


A derrota parece ter feito bem a Serra. Na campanha para prefeito em 2004, ele fez tudo diferente. Recompôs-se com o PFL, reuniu o PSDB e atraiu o apoio do governador Geraldo Alckmin, que se lançou com entusiasmo na candidatura Serra.


Serristas e alckmistas viveram um raro momento de paz. Resultado: Serra elegeu-se prefeito, impondo ao PT sua mais grave derrota: a perda da Prefeitura de São Paulo.


Chegamos a 2006, e Serra era o candidato natural do PSDB, apontado nas pesquisas como o único capaz de derrotar o presidente Lula.

 

Mas Alckmin decidiu atropelar a precedência e lançou-se candidato com um apetite insuspeitado, que sepultou, pelo menos naquele momento, o apelido de picolé de chuchu.


Serra piscou primeiro. Não quis arriscar uma candidatura a presidente, atrasou-se e deixou que o fosso entre serristas e alckmistas aumentasse perigosamente, tanto dentro do PSDB como no PFL.


Mas a candidatura Alckmin não decola. Continua com uma bola de ferro no pé. Tudo é amador. Não existe esboço de projeto, não existe tema, não existe roteiro, não existe estado-maior de campanha, não existe ainda o tal diretório em Brasília. Enfim, não existe candidatura.


Como Serra também ainda não começou a organizar sua campanha ao governo de São Paulo, florescem as especulações de que a candidatura de Alckmin não é para valer, que uma substituição por José Serra não demora muito.


Com isso, o PFL endurece o jogo e não indica o vice.


As principais lideranças tucanas não entram em campo para estancar a especulação de que Alckmin não é o verdadeiro candidato.


A coisa vai mal."

Blog  Noblat