domingo, abril 30, 2006

CLÓVIS ROSSI Cadê os empregos?

FOLHA
 SÃO PAULO - Todo mundo, em época eleitoral e até fora dela, fala de emprego/desemprego. Pena que a grande maioria só fale, posto que os principais partidos não têm estudos consistentes que examinem a questão sem simplismos ou slogans.
Imaginar, por exemplo, que crescimento apenas resolve todos os problemas é uma grande tolice. Convido o leitor a examinar dados de um setor de ponta, o eletroeletrônico, no qual os empregos são de qualidade acima da média e, portanto, os mais cobiçados.
O recém-lançado anuário da Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica) cobre o período 1998/2005. Em todos os itens, menos um, há números muito positivos. O faturamento, por exemplo, passou de R$ 37,4 bilhões em 1998 para R$ 92,8 bilhões em 2005, quase três vezes portanto.
Aí, entra-se no único item que caiu, justamente o emprego. Eram 142,8 mil empregados em 1998, passaram a apenas 133,1 mil em 2005. Ou, visto de outra forma, o faturamento cresce uns 150%, mas o número de empregados que gera tal faturamento cai pouco menos de 7%.
Triste, mas é da regra do jogo. O capitalismo de fato demonstrou ser superior ao comunismo, mas a vitória não o transforma em entidade de benemerência. Nele, ganha mais o capitalista que o trabalhador.
Muito bem. Passemos adiante. O número de abril da "Revista da Indústria", editada pela Confederação Nacional da Indústria, informa que, para o período presidencial a iniciar-se em 2007, será necessário criar 15 milhões de empregos.
No período que se encerra agora em dezembro, terão sido criados cerca de 4 milhões, quando seriam necessários, segundo o próprio candidato Lula, 10 milhões (no governo anterior, criou-se menos ainda).
Alguém aí ouviu alguma análise sobre a complexidade do problema emprego/desemprego/inclusão de parte dos partidos ou candidatos? Pobre Brasil.

@ - crossi@uol.com.br