sexta-feira, fevereiro 24, 2006

Eliane Cantanhede - O bloco dos vices




Folha de S. Paulo
24/2/2006

Como resultado da recuperação nas pesquisas, Lula esfregou as mãos e voltou a sonhar com Nelson Jobim como seu vice na disputa pela reeleição. Bastaria continuar em campanha pesada, investir na propaganda e torcer para que os tucanos não se biquem. O PMDB cairia no seu colo, e Jobim, na chapa.
Jobim deixa a presidência do Supremo no final de março para se refiliar ao PMDB e pronto para o que der e vier. Ele é bem mais próximo do tucano José Serra, um dos dois pré-candidatos do PSDB, do que de Lula, a quem deu boa mão no Supremo. Serra não crê, mas os lulistas juram que pode ser, sim, vice do chefe.
O plano B, para o caso de Lula acordar e o sonho do PMDB não se materializar, é manter José Alencar na vice. Ele é outro que vai se desincompatibilizar do Ministério da Defesa para ficar disponível para uma candidatura, qualquer candidatura.
Alencar só pensava naquilo: disputar a Presidência embalado pela crítica aos juros, mesmo contra Lula. Não está dando certo. Lula sobe nas pesquisas, o ânimo presidenciável de Alencar cai, e ele já pensa que ficar na vice pode não ser um mau negócio. A questão, agora, é convencer Lula. Com o PRP, um partideco?
Por fim, o plano C para a vice continua sendo Ciro Gomes. "Se não tem tu, vai de tu mesmo." Aí, é preciso conversar bem com os petistas do Ceará. Luizianne Lins foi eleita prefeita de Fortaleza contra tudo, contra todos e contra a própria cúpula do PT e Lula. Está cheia de moral e mais lulista do que já esteve. Não convém trombar, de novo, com ela.
O vice de Lula, portanto, depende das pesquisas. Como diz o outro, pesquisa é pesquisa, eleição é eleição, mas que elas fazem uma diferença danada na arrumação do jogo e dos times não há dúvida.
Menos, aparentemente, no PSDB. O PT está unido em torno de Lula e tentando trazer o PMDB; e o PSDB faz o contrário: despreza o favorito, parece cada vez mais desunido e espanta o PMDB. Além do eleitor.