Queda abrupta do desemprego
Os técnicos do IBGE foram prudentes ao comentar os dados de dezembro da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), que mostrou queda abrupta do desemprego. O coordenador da PME, Cimar Azeredo, deu ênfase aos "fatores sazonais, após um engessamento de seis meses". Os índices registraram variação tão forte que economistas do IBGE e de consultorias privadas evitaram dar explicações enfáticas. A desocupação total caiu de 9,6% da População Economicamente Ativa, em novembro, para 8,3%, em dezembro. Nas seis regiões metropolitanas pesquisadas, a população ocupada é de 20,23 milhões de pessoas e o número de desempregados declinou de 2,12 milhões para 1,84 milhão. Em São Paulo, onde estão 40% dos desocupados, o desemprego caiu de 9,7% para 7,8%. No comércio, que contrata empregados temporários em dezembro, houve aumento de 5,8% no emprego. Mas em outros segmentos também cresceram as contratações, caso da produção de manufaturados para exportação, automóveis, indústria extrativa, distribuição de eletricidade, gás e água e serviços de transporte, limpeza urbana e pessoais. Em dezembro, muitos desocupados deixaram de procurar emprego - o que distorce as estatísticas -, mas outros fatores justificaram algum otimismo. A renda média real aumentou de R$ 940,44 em dezembro de 2004 para R$ 978,07 em novembro e R$ 995,40 em dezembro de 2005, crescendo 1,8% num mês e 5,8% em 12 meses. Empregos com carteira assinada cresceram mais: 2% e 6%, nas mesmas bases de comparação. A recuperação do poder de compra dos salários influencia positivamente o consumo, ainda mais quando associada ao aumento do emprego formal, mais estável. Foi o que ocorreu nos empregos em concessionárias de serviços públicos e outros serviços, como transporte e limpeza urbana. Os dados do emprego melhoraram na maioria das regiões metropolitanas, tanto na comparação com dezembro de 2004 como com novembro, ou seja, houve melhora generalizada. O IBGE constatou que entre 2003 e 2005 os empregos foram ocupados, principalmente, por trabalhadores mais velhos e instruídos. O porcentual dos ocupados com mais de 50 anos aumentou de 16,8% em 2003 para 18% em 2005, enquanto caía de 19,5% para 18,2% o dos trabalhadores com até 24 anos. Trabalhadores na construção civil, com baixo nível de instrução, tiveram queda na renda real, de R$ 712 em novembro de 2005 para R$ 681 em dezembro.