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BRASÍLIA - Uma penca de senadores e deputados envolvidos com as acusações de "mensalão" vai se salvar. Antonio Palocci pode até cair na semana que vem, mas certamente não será derrubado pela oposição. As CPIs que vasculham os escândalos, com raras exceções, ficam muito aquém do que poderiam fazer.
Um exemplo concreto de investigação fajuta é a finada CPI do Mensalão. Dos seus 575 requerimentos de quebra de sigilo, depoimentos e outras providências, apenas 52 foram atendidos. Só acintosos 9%.
De quem é a culpa por essa baixa produtividade? De todos os partidos que mandam no Congresso, sobretudo PT, PSDB, PMDB e PFL.
Há uma tese na praça para explicar essa espécie de acordão tácito para maneirar nas investigações. O establishment político do país já percebeu que há dois grupos disputando poder, com chance grande de alternância entre si a cada quatro ou oito anos. De um lado, PT e siglas médias de esquerda (PSB, PC do B e adjacências). Do outro, PSDB e PFL. No meio, flanando com seu eterno problema existencial, o PMDB -vai para onde sopra o vento governista.
Uma investigação arrasadora agora resultaria na cassação de quase uma centena de deputados e de um punhado de senadores. Essa razia no centro da República deslocaria placas tectônicas importantes. A alternância seria quebrada. Um aventureiro teria chance de furar a fila. PT, PSDB, PFL e PMDB ficariam sem saborear o butim em 2006.
Melhor então restringir o caso aos pobres diabos que já estão relacionados como beneficiários ou articuladores do "mensalão" -a lista inicial dos 19 deputados cassáveis.
Melhor também não inventar de derrubar Palocci por causa de Ribeirão Preto. Deixa estar.
O que essa turma toda deseja é o fim urgente de todas as CPIs. Investigar, só da boca para fora.