FSP
BRASÍLIA - Numa só semana, o governador Aécio Neves e o ministro do STF Nelson Jobim fizeram pose de presidenciáveis, e não foi por acaso.
Aécio defendeu Palocci depois de um amistoso encontro com Lula e teve um curioso almoço com o vice-presidente, José Alencar, e com o ex-presidente Itamar Franco -em Brasília.
Por que curioso? Porque o partido de Aécio, o PSDB, é de oposição e já tem dois pré-candidatos; Alencar é vice de Lula, mas, no fundo, sonha com a sucessão; e Itamar critica tanto o governo tucano quanto o petista.
Apesar dos interesses e lealdades conflitantes, há duas coisas que os une: uma solução em que todos se encaixem em Minas e a eterna vontade mineira de se contrapor a São Paulo -logo, a Lula, Serra e Alckmin.
Quanto a Jobim, ele conseguiu, apesar da crise entre o STF e a Câmara (por causa do processo de cassação de Dirceu), brilhar em três jantares políticos. E já dá sinais para o PMDB de que considera, sim, a hipótese de trocar o tribunal pela candidatura.
O que explica Aécio e Jobim se colocando é um outro fato relevante da semana passada: a pesquisa CNT-Sensus, apontando a dianteira do tucano José Serra num eventual segundo turno e uma perigosa rejeição de Lula, em 46,7%. A um ano das eleições, rejeição é um dado mais relevante do que o apoio, porque impede o candidato de crescer. E o PMDB se distancia de Lula.
Para reagir, Lula tende a acirrar a guerra do PT com o PSDB, e a expectativa -assustadora, aliás- é de que os dois partam para uma campanha não apenas de difamação mas de destruição mútua. É daí que muitos já começam a imaginar (ou articular?) uma terceira via entre Lula e os tucanos óbvios. Eles se matam e ajudam a germinar um novo nome.
Se eu acho que vai dar algo diferente de Lula e Serra, ou de Lula e Alckmin? Não, não acho. Mas tem gente achando, e é bom ficar de olho nesses movimentos. Em política, todo mundo "acha" e nunca se "sabe".