FSP
GENEBRA - O leitor Arnoldo Nobel manda a íntegra de uma entrevista do escritor uruguaio Eduardo Galeano (autor do clássico "As Veias Abertas da América Latina"), da qual reproduzo o trecho mais contundente:
"Todos os políticos, sobretudo os políticos de esquerda, deveriam ter em letras gigantes, pendurado na parede, para não esquecer nunca, que está proibido, terminantemente proibido, pecar contra a esperança".
Pena que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não tenha tal cartaz pendurado pelo menos no Palácio do Planalto, para não falar de todas as repartições públicas.
Afinal, foi Lula (ou Duda Mendonça, vai saber) quem mentiu ao ganhar a eleição dizendo que a esperança vencera o medo.
Falso. Volto a Galeano, que tem "muitos companheiros" em governos latino-americanos que lhe dizem que "o mercado não lhes permite" fazer as coisas que diziam que iriam fazer quando eram oposição. Continua Galeano: "É o seqüestro da vontade popular pelo medo, o medo de inquietar o mercado".
O resultado, ou ao menos parte dele, está no texto do repórter Fábio Victor que mostra que "o Brasil passou oficialmente a ser o país com o maior número de imigrantes barrados no Reino Unido". A fuga de brasileiros desesperançados só fez aumentar no governo que deveria ter recolocado a esperança no lugar do medo.
De fato, os 5.180 brasileiros deportados em 2004 "configuram um aumento de 18% em relação a 2003". Pior: de 2000, antes de Lula, a 2003, primeiro ano de Lula, aumentou 142% o número de deportados.
Sem contar os que conseguiram ficar, ainda que ilegalmente.
Não consta que entre barrados ou ilegais haja algum banqueiro ou rentista, porque o eixo da ação do governo é justamente, como diz Galeano, "o medo de inquietar o mercado".
Ganhou da esperança de goleada.
PS - A entrevista com Galeano está na revista catalã "Sin Permiso" -www.sinpermiso.info.