domingo, outubro 16, 2005

Irmão de Celso Daniel teme ser a próxima vítima

AGESTADO

Irmão de Celso Daniel teme ser a próxima vítima

mortes de pessoas relacionadas ao caso Celso Daniel
  •   Dionísio Aquino Severo - Seqüestrador de Celso Daniel e uma das principais testemunhas no caso. Uma facção rival à dele o matou três meses após o crime.
  •   Sergio 'Orelha' - Escondeu Dionísio em casa após o seqüestro. Fuzilado em novembro de 2002.
  •   Otávio Mercier - Investigador da Polícia Civil. Telefonou para Dionisio na véspera da morte de Daniel. Morto a tiros em sua casa.
  •   Antonio Palácio de Oliveira - O garçom que serviu o último jantar de Celso, pouco antes do seqüestro. Em fevereiro de 2003.
  •   Paulo Henrique Brito - Testemunhou a morte do garçom. Levou um tiro, 20 dias depois.
  •   Iran Moraes Redua - Agente funerário que reconheceu o corpo de Daniel em Juquitiba, morreu com 2 tiros em novembro de 2004.
  •   Carlos Delmonte Printes - Legista que atestou marcas de tortura no cadáver de Celso Daniel, foi encontrado morto em seu escritório em São Paulo, em 12 de outubro de 2005.
  • São Paulo - "É que eu não tenho condições, porque se eu tivesse já tinha abandonado o País. Não só pelo risco, mas pelo desânimo, pela vergonha que está o País". A afirmação é de João Francisco Daniel, irmão do prefeito morto de Santo André Celso Daniel, que declarou ao Estado seu medo de morrer.

    Desde que soube que o legista Carlos Delmonte Printes havia sido encontrado morto em seu escritório, em São Paulo, ele e o irmão Bruno Daniel vivem entre o medo de virar "a próxima vítima" e a vontade de ter esclarecido o crime, que há quatro anos chocou o País.

    "Há uma preocupação agora. É mais uma testemunha importante que morre (sete pessoas ligadas ao caso morreram)", relata João Francisco, que mesmo morando em Salvador teme por sua segurança. Bruno Daniel foi além. Ele e sua mulher, Marilena, foram na sexta-feira ao 78.º Distrito Policial, em São Paulo, para declarar oficialmente à delegada Elizabeth Sato sua preocupação em relação ao caso e pedir segurança.

    Para Bruno, pode haver relações entre a morte do legista e o assassinato de Celso Daniel. Ele esteve, pela manhã, no cemitério israelita do Butantã, antes do enterro de Delmonte.

    "Ele (o legista) foi extremamente corajoso ao recolocar a questão da tortura e das circunstâncias da morte. Ele estava trabalhando em um laudo complementar com uma série de quesitos para indicar mais evidências a respeito do que ocorreu com o Celso", afirmou o irmão, ao apontar a necessidade de investigação do caso. "Agora nós temos uma dupla tarefa, porque nós achamos que as circunstâncias da morte dele também têm que ser investigadas."

    O perito Carlos Delmonte indicou, em janeiro de 2002, que Celso Daniel havia sido torturado cruelmente no cativeiro antes de ser assassinado, o que reforça a teoria da família de que o prefeito foi morto por encomenda por um grupo de políticos e empresários envolvidos em corrupção na prefeitura de Santo André.