FSP
BRASÍLIA - Há uma disputa fratricida entre as várias instâncias investigando o "mensalão". A face mais visível são as três CPIs que embananaram, por intervenção do governo, a apuração dos fatos. Mas os organismos institucionais também pisam uns nas cabeças dos outros.
Polícia Federal, Receita Federal, Ministério Público e Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional do Ministério da Justiça procuram ter a primazia no caso do "mensalão". A rigor, ninguém faz nada fora da lei. Não se encontra uma evidência de ilegalidade nas ações desses órgãos. Todos apenas cumprem o seu dever. E esse é o ponto.
No dia que Duda Mendonça foi à CPI confessar o crime de ter recebido cerca de R$ 10 milhões no exterior, ficou mais claro do que nunca a necessidade de internacionalizar a investigação do "mensalão".
Duda abriu a boca há mais de dois meses, em 11 de agosto. Na mesma semana da confissão do publicitário malufo-petista, foi enviado um pedido aos promotores de Nova York. Ótimo. Santa rapidez. É o Brasil funcionando. Seria.
O pedido solicitava os dados de Duda para uso da Polícia Federal, Ministério Público e Ministério da Justiça brasileiros. Assim foi feito. A Justiça dos EUA deu a autorização, mas vetou o repasse das informações para terceiros, inclusive para o Congresso -até porque não houve essa ressalva nos pedidos originais.
Alguém errou? Não. Todos cumpriram seus deveres. Agora, a CPI terá de fazer nova solicitação, possivelmente tendo de enviar alguém pessoalmente a Nova York. Para receber os dados, com sorte, até meados de novembro. Quase três meses depois da confissão de Duda.
O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, é mesmo um gênio. Faz tudo certinho. Mas a CPI não recebe as informações. É por essa razão que sua atuação é tão admirada por Lula neste escândalo do "mensalão".