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BRASÍLIA - Muito provavelmente, o ex-líder do PT Paulo Rocha (PA) vai se candidatar a deputado em 2006, eleger-se com expressiva votação e voltar à Câmara em 2007. Parabéns para ele! E pêsames para a democracia, que permite que os sujeitos renunciem para fugir de processos e retornem lépidos e fagueiros.
Ao voltar, puxando a votação do PT no Pará, Rocha terá no currículo um dia glorioso: 17/10/2005, em que renunciou ao mandato em companhia do ex-líder do PMDB José Borba (PR). A imagem dos dois é diametralmente oposta, como verso e reverso. Mas, agora, os dois se igualam e ficam no mesmo nível de Valdemar Costa Neto, presidente do PL, e Carlos Rodrigues (PL-RJ), que renunciaram logo de cara.
A história vai registrar que Rocha, com seu bom passado, se uniu no gesto e se unirá no próximo mandato também ao seu conterrâneo Jader Barbalho e ao arquiinimigo do PT Antonio Carlos Magalhães. E só não se juntará àquele que jurou pelos filhos para manter uma mentira, José Roberto Arruda, se este (veja bem) disputar o governo do DF em vez da reeleição. Todos renunciaram e voltaram. É o destino de Rocha.
Ao contrário dele e de Borba, os demais 11 envolvidos ficaram para enfrentar o corredor polonês e estão se defendendo com argumentos e fazendo de tudo para sobreviver. Se não, vão morrer lutando. Como bons guerreiros. A decisão hoje dói, além de ser altamente arriscada. Mas a história (e o íntimo) de cada um deles mostrará que foi acertada.
A renúncia é um ato unilateral e, certamente, não é uma decisão fácil. Pode ser um gesto de extrema coragem, ou de pura covardia. É o caso aqui, em que uma lei imoral e corporativista dá ao político o que não dá para mais ninguém: o direito de renunciar para voltar, sem ser julgado.
Se havia um "acordão" do Planalto e do PT com os petistas "cassáveis", fracassou. Ruim para o Planalto e para o PT. Mas melhor para os interessados. Ou menos pior, vá lá.