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Cobertura de temas complexos -como esse do "mensalão"- exige sistematização da informações e visão técnica dos processos. A primeira etapa consiste em entender os mecanismos financeiros e licitatórios que permitem a geração inicial dos recursos. Depois, o fluxo que ele percorre até chegar à ponta.
A partir de um estudo meticuloso, a assessoria parlamentar do senador Rodolpho Tourinho montou um mapa das principais operações internas de geração de caixa e operações externas.
Nas operações internas, identificou cinco pontos principais:
1) Superfaturamento. Pode ser proveniente de contratos com órgãos públicos, empresas públicas e empresas privadas. No "mensalão", identificou dois tipos principais de superfaturamento: em agências de publicidade e na compra de bens e serviços. No caso das agências, executam-se serviços não-compatíveis com o plano de mídia e se transfere o excedente de ganho para empresas ligadas a Marcos Valério ou pessoas físicas. No caso de compra de bens e serviços, o processo é o mesmo.
2) Operação "Beirada" 1. Fundações, empresas públicas ou instituições financeiras investem em papéis de renda fixa de bancos, corretoras e distribuidoras. Aplicam a taxas ligeiramente abaixo de mercado. Como são recursos expressivos, geram ganhos na "beirada". Esses ganhos são transferidos para empresas de Marcos Valério ou pessoas físicas ligadas. A CPMI já mapeou esses processos.
3) Operação "Beirada" 2. Fundações usam corretoras e distribuidoras para entrar na frente comprando ações. Fornecem o "funding" para constituir e/ou bancar posições. Aí fundações entram no mercado puxando as cotações. As corretoras e/ou distribuidoras entram no mercado vendendo e realizam o lucro transferindo o resultado ou parte dele para empresas de Marcos Valério. Também essa operação foi apurada pela CPMI.
4) "Funding". Fundações, empresas públicas e instituições financeiras públicas aplicam em papéis de renda fixa por terceiros ou diretamente em um banco privado. O banco efetua empréstimos para empresas de Marcos Valério ou pessoas físicas associadas.
Já as fontes externas passam por operações mais complexas:
1) As fontes originais são o "funding" do fundo de reserva do IRB (Instituto de Resseguros do Brasil), doações de países ou sindicatos do exterior, caixa dois de empresas brasileiras no exterior e empresas de Valério no exterior.
2) O dinheiro é aplicado em investimentos ou depósitos em um banco estrangeiro, que, por sua vez, aplicava na Trade Link e na Real Europa, entre outros.
3) Os recursos eram internalizados via conta CC5, em nome da Trade Link, Rural Europa e empresas de Marcos Valério. Os recursos eram aplicados em papéis do Banco Rural, que emprestava para empresas de Marcos Valério.
Um segundo caminho das fontes externas é o seguinte:
1) Todas as fontes primárias externas depositam em um banco estrangeiro.
2) O banco envia para um doleiro via cabo, que transfere os recursos para as empresas de Marcos Valério.