A definição da França como local de construção do Reator Internacional Termonuclear Experimental (Iter) é uma boa notícia. Significa que esse ambicioso projeto científico, capitaneado pela União Européia, EUA, Rússia, China, Japão e Coréia do Sul, que poderá trazer uma resposta para o problema energético da humanidade, começará, enfim, a sair do papel. Diga-se de passagem que o Brasil deveria aderir à iniciativa internacional.
Orçado em US$ 12 bilhões, o Iter é um reator nuclear diferente dos que estão em operação comercial. Ele traz a perspectiva de produzir energia relativamente limpa e barata em quantidades ilimitadas. Ainda que o gás e o petróleo fossem infinitos -o que não são-, esse tipo de energia nuclear poderia ser a solução para o problema do efeito estufa, o aquecimento anormal da atmosfera gerado pela queima de combustíveis fósseis.
Enquanto as usinas atômicas comuns produzem energia através da fissão nuclear, a quebra de átomos pesados em elementos mais leves, que acarreta grandes quantidades de perigosos detritos radiativos, o Iter pretende valer-se da fusão nuclear, um processo bem mais limpo. Trata-se do mesmo tipo de reação que ocorre nas estrelas: dois núcleos de hidrogênio são fundidos produzindo um átomo de hélio e liberando quantidades gigantescas de energia.
A física envolvida nesse tipo de reação é bem conhecida. A dificuldade é manter a fusão sob controle. Estamos falando de temperaturas de 100 milhões de graus Celsius. Outro problema é alcançar a viabilidade comercial. Até hoje, pequenos reatores de fusão experimentais consumiram mais energia para dar início à reação do que foram capazes de produzir.
É claro que a construção do Iter é só o primeiro passo. Estima-se em 50% as chances de o projeto funcionar. Se tudo sair conforme o planejado, serão necessários, segundo os cálculos mais otimistas, entre 30 ou 40 anos até que os primeiros reatores comerciais estejam em operação.
É preciso, porém, dar já os primeiros passos para que as próximas gerações tenham a chance de desfrutar de uma fonte de energia mais limpa e barata do que a que hoje utilizamos.
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