Folhade S Paulo
BRASÍLIA - Apesar de tudo parecer improvisado, amador, sem sentido, há uma estratégia cada vez mais nítida na reação do governo e do presidente Lula à crise política.
Primeiro, abrir ao máximo o leque de investigadores e investigados, produzindo um turbilhão de informações que confunde qualquer santo, quanto mais um pobre leitor impressionado com o tal "golpe das elites".
Depois, jogar a oposição na fogueira, com Aécio Neves, do PSDB, Roberto Brant, do PFL, o vice-governador de Minas e um ministro do PTB ardendo ao lado de petistas.
Enfim, o "vazamento" de que haveria mais de cem deputados numa lista do circuito STF, PF e CPI. Não havia. O relator da comissão, Osmar Serraglio, viu-se obrigado a reconhecer: o que era "pólvora" virou "traque". Só que, até virar traque, deixou muita gente de barbas de molho.
A mais nova etapa da estratégia governista foi encenada ontem por um Lula especialmente saltitante numa visita ao Sul, com direito a meter o pé na lama (no sentido literal). Foi lá que ele avisou, a quem interessar possa, que a economia não está uma rocha: "Somos ainda uma economia muito vulnerável. Temos problemas sérios. Por isso, não podemos brincar nessa parte, para que a gente não tenha um retrocesso".
O resultado é muito nítido. Em uma semana, quem falava em impeachment não fala mais, porque todos estão tão apavorados quanto o governo e o PT: a oposição, porque também está nas contas de Marcos Valério; o Congresso todo, porque sabe bem o que significa caixa dois de campanha; os empresários, porque ninguém quer sacudir a economia; e todos, porque temem o que possa significar José Alencar na Presidência.
Quanto aos Correios, Furnas, BB, "mensalão", Land Rover e cuecas? Ah! Deixa isso pra lá! A defesa de Lula é a metralhadora giratória.
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