O presidente nacional do partido, Jorge Bornhausen, por exemplo, tem desempenhado o papel de caça-talentos eleitorais, a fim de preparar um bom estoque de possibilidades de candidaturas para os mais diversos cenários em 2006: com Lula forte na disputa, sem ele na luta, com o presidente combalido a ponto de poder ser derrotado no primeiro turno e até com outro candidato do PT, o ministro Antonio Palocci talvez.
Dentro de mais uns 45 dias o senador Bornhausen vai finalizar os contatos com uma série de novos talentos que já tem na cabeça, mas cujos nomes não revela por nada.
A idéia dele é conseguir filiar ao PFL até o prazo final permitido pela legislação, dia 3 de outubro (um ano antes da eleição), um plantel de homens não necessariamente políticos, bem-sucedidos em suas áreas profissionais de origem, com boa imagem ética junto à população e capacidade de arrebatar o eleitorado, não tanto pelo batido - e algo desmoralizado - atributo do carisma, mas muito mais pelo preparo pessoal.
"O candidato bem formado do ponto de vista educacional e intelectual atenderá à demanda do eleitor e nem preciso explicar porquê." De fato, a idéia é apresentar aos eleitores alguém que seja uma perfeita e muito mais bem acabada tradução de um contraponto a Lula. Mas o senhor e a senhora leram linhas atrás a expressão "plantel de homens" e não era força de expressão.
Na concepção do presidente do PFL, ao contrário de 2002, quando Roseana Sarney (invenção de Bornhausen) quase chegou lá, agora não há nenhuma mulher "no topo da escada".
As duas em maior evidência, a senadora Heloísa Helena e a deputada Denise Frossard, ainda precisariam, segundo o senador, "subir a escada". O ideal, se fosse para escolher uma mulher, é que houvesse uma governadora com boa imagem popular, característica que, na ótica de Jorge Bornhausen, não inclui a governadora do Rio de Janeiro, Rosângela Matheus.
Ainda assim, as mulheres citadas pertencem à categoria dos políticos e, neste quesito, Bornhausen acha que já existem quatro homens perfeitamente capacitados a preencher os atributos necessários: no PFL, o prefeito César Maia e o senador Marco Maciel; no PSDB, o prefeito José Serra e o governador Geraldo Alckmin. Na visão dele, se o candidato for político a escolha fica entre esses nomes.
Mas Bornhausen não tem certeza se, do jeito que vai ladeira abaixo a imagem dos políticos, não será mais interessante apresentar à apreciação do eleitorado uma pessoa distante do metiê.
Não um ser parecido com Fernando Collor - "que, aliás, era político, havia sido deputado e governador, apenas incorporou o papel de não-político" -, mas alguém sem experiência mesmo na área. Bornhausen recorda que em outras ocasiões fez esse tipo de tentativa com Antônio Ermírio de Moraes e Adib Jatene. O cardiologista não aceitou e o empresário, "jogou uma eleição fora porque quis" ao governo de São Paulo.
A eles o senador não voltaria mais, são possibilidades já descartadas. Em 2004, lembra, tentou fazer do médico Drauzio Varella o candidato do PFL a prefeito de São Paulo.
Agora vai em busca de novos talentos, mas já avisa que o fará em segredo. "Quem aceitar assinar a ficha, terá sigilo garantido até o ano que vem, quando serão decididas as candidaturas." As consultas começam dia 15 de setembro e terão a participação de um número mínimo de pessoas dentro do PFL.
Na opinião de Bornhausen, se o partido optar por uma escolha fora da política não terá apoio dos companheiros tucanos, cuja quantidade de candidatos a presidente é algo próximo do movimento de uma rodoviária em véspera de feriado.
"Acho mais provável um acordo só para o segundo turno."
O telefone
O deputado Arnaldo Faria de Sá não é exatamente um fidalgo e chega às vias da grosseria na CPI dos Correios.
Foi dos poucos a não se impressionar com as lágrimas de Renilda Santiago - "Comigo ela não chorou porque bati no fígado, os outros tentaram atingir o coração" - e até o fim insistiu para que ela desse à CPI o número do telefone que usava para se comunicar com o marido, Marcos Valério.
Embora tenha prometido passar o número ao relator, ela saiu da CPI sem cumprir a promessa. Arnaldo no dia seguinte insistiu e cobrou a informação do presidente da CPI, senador Delcídio Amaral, que tergiversou e não forneceu.
Arnaldo acha que Delcídio fez de propósito. E por quê?
"Porque aquele telefone era pré-pago, não vai aparecer nas quebras de sigilo telefônico e era através dele que ela falava com toda a quadrilha. O número daquela linha é o xis da questão", diz Arnaldo, prometendo não desistir.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.