BRASÍLIA - Propaga-se em Brasília que Lula tomou pé da situação. O presidente estaria ciente da gravidade da crise do "mensalão". Segundo essa visão chapa-branca, o petista constrói com êxito um cordão sanitário para autoblindar-se da lama derramada por aliados. Trata-se de uma interpretação edulcorada da realidade. Basta andar meia hora pelos corredores do Congresso, assistir ao "Jornal Nacional" ou freqüentar as calçadas movimentadas das capitais para perceber que o escândalo do "mensalão" continua incontrolável. Os humoristas de "Pânico" e "Casseta & Planeta" falam sem a menor cerimônia da "roubalheira em Brasília". E Lula sempre lá. De forma pictórica, mas freqüente. É devastador. São patéticos os esforços do Palácio do Planalto para dizer que as instituições investigam as acusações com rigor. Tudo o que apareceu até hoje se deve a esforços de jornalistas. Não se tem notícia de algo importante revelado pelo ministro da Justiça ou pelo controlador-geral da União. Ontem, a CPI dos Correios recebeu um requerimento de informações endereçado ao Palácio do Planalto: quer o disquete contendo todos os cargos federais de livre nomeação, o nome do indicado e do(s) seu(s) padrinho(s). É zero a chance de o furor investigatório de Lula permitir que algo parecido seja fornecido. Na área política, o presidente coleciona erro atrás de erro. Ofereceu aumentar de dois para quatro o número de ministérios para o PMDB. Posou para fotos com Renan Calheiros e Michel Temer no Palácio do Planalto. Humilhação suprema. Já na saída, Temer dizia ser muito difícil aceitar a proposta de Lula. O descontrole só não é total porque algumas ameaças de governistas a quem sabe das coisas estão surtindo efeito. Para sorte geral, nem sempre os amigos de Lula conseguem chegar na hora certa a todos os locais. |
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