BRASÍLIA - Uma é pouco, duas é bom, três é demais. É essa a conclusão de líderes do governo e da oposição em relação à profusão de CPIs que paira sobre Brasília. No máximo, devem vingar duas: a dos Correios, que é mista e já engatou segunda, e a do "mensalão", na Câmara. Já é o suficiente para sugar as energias do Planalto, do Congresso e da mídia. O que mais se discute (na verdade, o que mais preocupa) é até que ponto a corrupção nos Correios e a compra de parlamentares pode atingir o Planalto. Ninguém torce para o caos, ao contrário. Mas o principal alvo de qualquer CPI era, é e sempre será o governo da vez. Lula vai precisar da oposição e, ontem, já se delineou um acordo. O governo não quer jogar a gasolina Waldomiro na fogueira das CPIs, e o PSDB e o PFL não querem faíscas sobre os governos FHC. É assim que a CPI dos Bingos está sendo neutralizada pela das privatizações. Isso não muda muito o clima de tensão e de incertezas, porque a CPI dos Correios já está quente na sua primeira semana e nunca se sabe o que pode aparecer. Com ou sem a CPI do "mensalão", poderá chegar aos mecanismos que tiram recursos de órgãos públicos para despejar em cofres de partidos ou até mesmo em bolsos de parlamentares. Ninguém com um mínimo de bom senso e responsabilidade pode desejar um incêndio de dimensões continentais capaz de inviabilizar o governo e desacreditar as instituições e a política partidária. O PSDB deve saber que também viraria carvão. Isso, porém, não significa impedir investigações sobre práticas ilegais, apesar de tidas como corriqueiras, nem punição de culpados. Todos os cenários são graves, mas o pior deles é justamente esse: esconder os escândalos e proteger os escandalosos em nome da "governabilidade" e da "estabilidade". Seria um complô invertido: das forças políticas contra a nação. Tudo pela governabilidade, menos a honra e transigir com a corrupção. |
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