SÃO PAULO - Se a política vai mal, muito mal, a economia vai bem. É o que diz um certo consenso.
Mas será que a economia vai mesmo bem? Passeemos um pouco por opiniões independentes.
Charles Tang, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China e membro do Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial, escreveu para a Folha:
"A criação da ilusão temporária de estabilidade monetária foi a maior prioridade do Brasil nos últimos dez anos".
Mais: "A defesa dessa política econômica, que exigiu a aplicação de juros exorbitantes, tornou-se uma verdade tão sagrada para sucessivos governos brasileiros que um PIB inteiro de recursos foi consumido em sua manutenção".
Editorial do jornal "The New York Times", também de quinta:
"Fora o caso do Chile, a alta taxa de crescimento [econômico] da América Latina não é causa para festejar. Em lugares com distribuição de renda relativamente igualitária, o crescimento ajuda todo mundo. Mas, em países desiguais, em que os pobres ficam com apenas poucos centavos de cada novo dólar, o crescimento passa ao largo dos mais pobres. A América Latina é a região mais desigual do mundo".
Só faltou acrescentar que o Brasil é o mais desigual dos países dessa desigual América Latina.
Se há esses problemas estruturais, passemos à análise conjuntural, esta do Iedi (Instituto de Estudos do Desenvolvimento Industrial):
"Entre o que vem sendo divulgado e a real situação da economia vai se abrindo um fosso de dimensões crescentes. Alguns confundem sem saber, outros deliberadamente, uma indicação de que a economia não está regredindo (ou seja, não entrou em declínio) com sintoma de que ela está avançando".
Conclui: "O que de fato está ocorrendo é uma estagnação, que, se nada for feito, representará a ante-sala de uma retração".
folha de s paulo
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