SANTIAGO - Ninguém leva muito a sério essa história de o Brasil mover mundos e fundos para tentar reformular a ONU e ganhar uma vaga permanente no Conselho de Segurança. Não leva a sério porque acha que o Brasil não tem estatura para isso e não se interessa muito porque o assunto é chato mesmo e não se sabe direito para que esse raio desse conselho serve. Para impedir invasões do Iraque é que não é.
Mas é assim, devagar e sempre, que o Brasil está chegando lá. Tem apoio em todos os continentes e de quatro dos atuais cinco membros permanentes: Reino Unido, França, China e Rússia. Só falta um, que, não é nada, não é nada, é o principal, uma espécie de dono da ONU: os EUA.
Mas Lula e Celso Amorim não desistem. Conversaram sobre o assunto com o ex-secretário de Estado Colin Powell, voltaram à carga com sua sucessora, Condoleezza Rice, e acham que, se os EUA não atrapalharem, já estarão ajudando bastante.
O discurso tanto de Powell como de Condoleezza é o de que é preciso reformar profundamente a ONU e incluir países emergentes. Além disso, eles não se cansam de repetir o bordão de que o Brasil é "uma potência na região" e um líder em ascensão no cenário internacional.
Somando "a" com "b" e com "c", a resposta pode ser: Brasil no conselho. Mas não pode ser alardeada, para não melindrar países da região, como o México e a Argentina.
Enquanto isso, o Brasil despacha Amorim para se meter a líder regional no conflagrado Equador, onde ele chega hoje com os chanceleres da Bolívia e do Peru. E despacha Dirceu e Marco Aurélio Garcia para uma reunião em Montevidéu de partidos de esquerda que assumiram o poder na América do Sul.
Eles não brincam em serviço. Quando a gente menos esperar, o Brasil pode estar disputando seriamente, sim, uma vaga permanente no conselho da ONU. E, quando cair a nossa ficha e a deles, começa outro problema: para que mesmo?
FOLHA DE S.PAULO
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.