segunda-feira, setembro 19, 2011

Briga fratricida GEORGE VIDOR


O GLOBO - 19/09/11
A riqueza do petróleo é muitas vezes associada a uma maldição, e é o que pode ocorrer no Brasil com a disputa fratricida entre os entes federativos em torno dos royalties resultantes da produção de óleo e gás no mar. Estados e municípios que dependem quase integralmente de repasses federais veem nessa redivisão a possibilidade de ganhar na Mega-Sena sem apostar um centavo.
Os royalties são uma compensação financeira pelos ônus que pesam sobre as regiões que compõem a retaguarda dos campos de petróleo no mar. Trata-se então de um bônus que compensa o ônus.
Não faz então sentido algum que Macaé, município fluminense, e a capital capixaba, Vitória, venham a receber menos royalties do petróleo que o estado do Acre, por mais que os acreanos mereçam, de todos nós, brasileiros, apoio, solidariedade e compreensão para que usufruam de razoável qualidade de vida em sua terra natal. Mesmo porque a região de Macaé (que engloba Rio das Ostras, Cabo Frio) foi uma das que mais atraíram pessoas nos últimos anos no país, concentrando uma população que supera a do Acre, e por isso, se depara com sérios problemas de infraestrutura. Macaé certamente não ostenta índices econômico-sociais escandinavos; até recentemente esses indicadores, na verdade, estavam mais próximos aos do Nordeste.
O pior dessa maldição é que ela pode criar um impasse jurídico que acabará paralisando a indústria do petróleo justamente onde ela é mais promissora, a camada do pré-sal situada no litoral que vai de Santa Catarina ao Espírito Santo. É como matar a galinha dos ovos de ouro.
A União poderia comprometer, perfeitamente, com investimentos em estados e municípios não produtores, a totalidade dos royalties que recebe do óleo e gás extraídos do fundo do mar, buscando pôr um fim nessa disputa irracional.
A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) que reduziu as taxas básicas de juros em 0,5 ponto percentual contrariou a opinião de consagrados economistas e porta-vozes da área financeira, e com isso trouxe de volta à tona a discussão sobre o tema.
A maior carga dos juros altos recai sobre o Tesouro Nacional, os consumidores de classe média média (CC) e média baixa (CD), além de empresas de pequeno e médio porte que precisam de capital de giro para seu dia a dia. Grandes investidores, produtores rurais e o setor de construção civil ainda podem se socorrer em linhas de financiamento com juros favorecidos (mesmo assim, com taxas não tão baixas), mas esses valores se restringem a um quinto ou a um quarto do total do crédito.
Ainda no governo anterior, o Banco Central vinha dedicando mais atenção a essa questão, concluindo, com base teórica e prática, que a economia brasileira, estruturalmente, já poderia caminhar para taxas de juros de equilíbrio mais baixos. É claro que isso pressupõe uma política fiscal que leve a uma gradual redução do déficit público, trajetória que foi interrompida em 2010 por influência do calendário eleitoral.
A queda das taxas de juros no Brasil depende de uma conjugação de iniciativas de política econômica, mas não se pode esperar sentado que elas caiam por gravidade.
A Prudential, que é uma das maiores seguradoras americanas, já é a segunda colocada no mercado brasileiro de seguros de vida individuais, perdendo, no ramo, apenas para a do Bradesco (em Minas, assumiu o primeiro lugar). O seguro de vida só voltou a ter alguma importância no Brasil depois do lançamento do real. A inflação alucinada impedia que os brasileiros engenhassem qualquer planejamento financeiro pessoal.
O seguro de vida é um investimento comum em economias mais desenvolvidas. Porém, os que mais precisam desse mecanismo de proteção são os que têm menos renda, pois o seguro é a maneira prática de se assegurar rendimentos substitutos e patrimônio financeiro razoável no caso de morte ou invalidez permanente de quem mais contribui para o sustento do casal, dos filhos ou dos netos.
O seguro de vida começou a se sofisticar no Brasil, com produtos voltados para a educação dos filhos ou para a manutenção, pelos beneficiários, de um determinado padrão de consumo. Diferentemente do seguro em grupo, cujas condições são genéricas, o individual precisa se encaixar no perfil de cada cliente, o que exige um esforço de venda muito especializado. Foi nesse nicho que a Prudential apostou e tem obtido um bom resultado. Hoje a alta direção da seguradora é composta por brasileiros, a começar pelo próprio presidente, Flávio Lins de Castro.
O mercado para executivos de alta gerência continua bem movimentado no Brasil, só que com algumas mudanças. Até 2009, a procura era maior por especialistas nas áreas financeira e jurídica (ou seja, para dentro das empresas) e agora está mais voltada para vendas, distribuição e mesmo a presidência, de olho no que acontece fora das companhias, relata Cynthia Rejowski, diretora da Hays, grupo britânico que atua no recrutamento de executivos. A Hays abriu quatro escritórios no Brasil: o do Rio cuida também das regiões Norte e Nordeste. Uma das tarefas de Alexia Franco, santista radicada há 11 anos no Rio, é prestar consultoria para o BG Group, sócio na Petrobras em vários campos do pré-sal, e que montará no parque tecnológico da Ilha do Fundão um dos seus maiores centros mundiais de pesquisa.
Curiosidade detectada pelos estudos da Hays: o mercado brasileiro começa a ficar bem mais atento a profissionais com longa quilometragem (no setor de energia, por exemplo). E a razão é a mudança no perfil demográfico. Em 2030, 19,7% das pessoas em condições de trabalhar no Brasil terão mais de 65 anos.