quarta-feira, abril 29, 2009

Reinaldo Azevedo PAIS E FILHOS


 
Não havia tratado do assunto porque, de fato, não tem a menor importância. Mas os petralhas querem tanto, que, desta vez, decidi lhes fazer a vontade. Só não devo escrever o que eles gostariam de ler. Será? Já que não saem daqui, né?, talvez tenham se viciado com o pé no queixo. Vamos ver.

O primeiro-secretário do Senado, Heráclito Fortes (DEM-PI), aceitou o pedido de demissão de Luciana Cardoso, filha do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Ela lhe encaminhou uma carta, na segunda, pedindo desligamento da função de secretária parlamentar, cargo que ocupava desde que FHC deixou a Presidência.

Quando o assunto veio a público, escrevi que Luciana deveria fazer justamente o que fez. Não porque fosse impossível fazer o trabalho em casa — hoje em dia, é —, mas por ser filha de quem é. Tentariam, como fizeram, explorar o caso. Vamos ver.

Não deixa de ser uma evidência de austeridade que a filha de um ex-presidente, um dos líderes do maior partido de oposição, trabalhe para viver. Um salário de R$ 7 mil não chega a ser, assim, um privilégio. Os petralhas querem mais comentários? Então fiquem com mais comentários.

Luciana, como a gente nota, parece não ser tão talentosa para o mundo dos negócios quanto Lulinha, o filho de Lula. Se fosse, criaria uma empresa, que depois receberia R$ 10 milhões a título de publicidade de uma concessionária do serviço público (a antiga Telemar, hoje Oi), de que são sócios, a um só tempo, Sérgio Andrade, maior financiador individual da campanha de Lula, e o BNDES, um banco público. Depois disso, a Oi também teve uma lei especialmente assinada para que pudesse legalizar a compra da Brasil Telecom. Outra empresa de Sérgio Andrade, a Andrade Gutierrez, vai retomar a construção da usina nuclear Angra 3 com uma licitação da década de 80. Tudo, como se vê, muito republicano.

Uma das filhas de FHC, como a gente nota, não tem o talento que um dos filhos de Lula tem para o empreendedorismo, né? Quando indagado sobre a ascensão meteórica do rapaz, o pai orgulhoso não teve dúvida: disse que ele era seu "Ronaldinho" (Ronaldinho, naquele tempo, era Ronaldinho mesmo...).

Luciana, definitivamente, não tem o talento de Lulinha para enriquecer. Lula é mesmo um homem de sorte.

Ficou ao gosto?