sábado, junho 28, 2008

Especial Os limites da cirurgia estética

Quando o belo ganha
a máscara da plástica

Bem feitas e bem indicadas, as cirurgias estéticas
representam um ganho para a auto-estima. Mas a
falta de bom senso está à vista de todo mundo


Anna Paula Buchalla

Foto Claude Gassian/Contourphotos/Getty Images


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Pouco tempo atrás, a escritora americana Stacy Schiff desfrutava uma linda tarde ao lado de um amigo francês que visitava Nova York pela primeira vez. No fim do dia, porém, ele mostrou-se intrigado. Queria saber o que havia acontecido com as pessoas mais velhas na cidade. Seus rostos eram esticados demais, lustrosos demais. Em Paris, disse ele, os velhos pareciam velhos – e não havia nada de errado nisso. A idade do amigo francês de Stacy: 8 anos. Sim, até mesmo uma criança mais observadora pode perceber que algo de estranho vem ocorrendo. E não só em Nova York, é claro. Basta ir a shoppings e restaurantes de qualquer grande cidade brasileira, como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, para deparar com pessoas de pele alaranjada (sessões de bronzeamento artificial podem dar esse efeito), maçãs do rosto salientes, testa estirada, lábios inflados e dentes branquíssimos, de uma alvura inexistente na natureza. É um contingente que, pelo jeito, tende a aumentar, graças aos avanços técnicos e ao barateamento dos procedimentos estéticos. Ficou mais fácil, enfim, fazer uma intervenção atrás da outra – e isso dá vazão à obsessão doentia pela manutenção da beleza e juventude. "O resultado dessa obsessão são bizarrices produzidas por falta de bom senso não só dos pacientes, como dos próprios médicos", diz o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica – Regional São Paulo, João de Moraes Prado Neto.

Não há nada de errado em querer consertar uma falta de acabamento congênita, melhorar a silhueta castigada pelo excesso de comida e pelo sedentarismo ou atenuar as marcas do tempo. É uma forma perfeitamente compreensível e legítima de conservar (ou restaurar) a auto-estima. Um nariz menos adunco, uma ruguinha cancelada, uns quilinhos aspirados – e eis que a beleza deixa de ser apenas a promessa de felicidade, para citar a frase do escritor francês Stendhal. A questão é quando se exagera na dose. Tem-se aí uma patologia. Pessoas que não se cansam de encontrar defeitos ao espelho (na maioria das vezes, inexistentes) e, para corrigi-los, perseguem compulsivamente um padrão estético inatingível sofrem do que os médicos chamam de transtorno dismórfico corporal. Descrito em 1987 pela Associação Americana de Psiquiatria, o distúrbio, nos casos mais graves, causa ansiedade e depressão profundas – e pode levar a pessoa a deformar-se nas mãos de cirurgiões inescrupulosos.

Fabiano Accorsi
"Há dois anos, animada com uma série de fotos ‘antes e depois’, resolvi fazer uma bioplastia (preenchimento à base de uma substância definitiva, o PMMA). Quem fez as aplicações foi uma ginecologista, indicada por uma amiga. Ela injetou o produto nas maçãs do rosto, no maxilar e na ponta do nariz. Na hora, até achei que ficou bom. Porém depois meu rosto inchou, sobretudo as maçãs. Todo mundo notava que eu estava estranha. Eu justificava dizendo que havia engordado. Tentei desfazer o preenchimento, no que fui desaconselhada por um cirurgião plástico. Ele me explicou que havia o risco de o produto vazar. Fiquei desesperada. Hoje estou melhor, com o rosto menos inchado, mas ainda me incomodo quando olho no espelho. Tenho muitas dores nos locais das aplicações e muita enxaqueca. Não aconselho ninguém a fazer o que eu fiz."
Adnea Ali Fakih, 50 anos, socióloga

Um estudo inédito conduzido pela médica Luciana Conrado, com 350 pacientes da dermatologia do Hospital das Clínicas, de São Paulo, constatou que 14% deles apresentavam o problema. Nos consultórios dos plásticos, a incidência fica em torno de 10%. Há vítimas de dismorfia que chegam a submeter-se a nove cirurgias de nariz. Existem ainda aquelas que praticam uma espécie de turismo médico, batizado pelos especialistas de "doctor shopping": rodam de consultório em consultório em busca de sugestões sobre o que deveriam mudar em sua imagem. "É uma seqüência sem botão de desligar: o paciente sempre acha que o que fez é pouco", diz o psicanalista Niraldo de Oliveira Santos, da divisão de psicologia do Hospital das Clínicas. "Para ele, o corpo é um rascunho onde tudo pode ser experimentado."

Como ninguém faz nove plásticas de nariz sem que haja um cirurgião disposto a cometer excessos, tem-se aí um duplo problema. "É a pior combinação: o paciente que quer fazer tudo somado ao médico sem escrúpulos que o submete a procedimentos incontáveis e desnecessários", diz o dermatologista Guilherme de Almeida, do hospital Sírio-Libanês, de São Paulo. Ele próprio já conduziu uma paciente até um consultório psicológico, porque ela simplesmente não se convencia de que não precisava fazer mais nada no rosto. A terapia não ultrapassou três sessões. A paciente, que nunca mais apareceu no consultório de Almeida, provavelmente deve ter achado outro doutor que lhe satisfizesse as neuroses. "Tais pacientes gastam fortunas com tratamentos estéticos sem se dar conta de que isso pode causar-lhes defeitos irreversíveis", diz a médica Luciana Conrado.

A dismorfia manifesta-se com mais freqüência na dermatologia por causa dos procedimentos menos invasivos, com resultados mais imediatos e recuperação mais rápida. O tratamento do distúrbio consiste em terapia associada ao uso de antidepressivos e antipsicóticos. Nos Estados Unidos, um paciente com dismorfia leva, em média, doze anos para buscar ajuda especializada. Nesse meio-tempo, o maior risco que ele corre é cair nas mãos de um profissional mal-intencionado. É esse tipo de médico que lhe dá a chancela para puxar, esticar, levantar, tirar e colocar próteses, sem que haja necessidade real para tais intervenções. Tamanho é o poder de convencimento dos médicos que está em curso um novo fenômeno no universo das cirurgias cosméticas: o do tratamento preventivo. É uma maneira de abocanhar um filão de gente muito jovem, que nem deveria estar pensando em Botox ou plástica. Moças com pouco mais de 20 anos agora aplicam injeções de toxina botulínica na testa para prevenir as futuras rugas de expressão. Mulheres de 35 anos submetem-se a liftings – chamados eufemisticamente de mini-liftings, embora nenhum procedimento que requeira anestesia, corte e descolamento da pele possa ser considerado míni. Antes dos 40 anos também, muitas fazem os primeiros preenchimentos. O argumento por trás do tratamento preventivo é mexer um pouco já para evitar grandes intervenções lá na frente. O resultado? Mulheres de 30 anos que se parecem com mulheres de 40 tentando aparentar 30. Esquisito? Sim, esquisitíssimo, mas é o que vem ocorrendo. "Quanto mais intervenções são feitas, mais rígida fica a pele. A paciente adquire as feições de uma estátua, deixa de ter uma expressão natural", disse a VEJA o médico francês Yves-Gérard Illouz, o inventor da lipoaspiração. Ficam todos – porque há inúmeros homens que se enquadram nesse caso – assustadoramente iguais uns aos outros. Como se tivessem saído (com defeito de fabricação) da mesma linha de produção. É a máscara da plástica.

"Desconfie de médicos que produzem pacientes com rosto parecido", escreveu em seu livro Beauty Junkies (Viciados em Beleza) a jornalista Alex Kuczynski, colunista do jornal americano The New York Times. Alex fez sua primeira incursão no mundo da plástica aos 28 anos, com uma aplicação de Botox. Aos 30, já havia se submetido também a uma lipoaspiração e a uma cirurgia para remoção de bolsas de gordura sob os olhos. Alex é uma bela mulher em seus 40 anos. Conseguiu perceber a tempo que poderia iniciar uma viagem sem volta em busca da perfeição – tendo como destino final o desastre completo. No livro, ela faz outro alerta: as adolescentes estão sendo induzidas à dismorfia. É uma preocupação fundamentada. Entre as colegiais americanas, próteses mamárias viraram presente de formatura. Elas almejam ser uma Pamela Anderson ou uma Victoria Beckham – magras e peitudas. A indústria das celebridades, evidentemente, tem um papel nefasto no estabelecimento de padrões estéticos atingíveis apenas por meio de plásticas ou intervenções dermatológicas. Para não falar de reality shows como Extreme Makeover e Dr. Hollywood, que fazem a transformação radical parecer algo tão simples quanto mudar o corte do cabelo. Nesses programas, passa-se ao largo dos riscos de complicações, da dor e do desconforto do pós-operatório.

Não é incomum que um cirurgião plástico acredite ser, além de médico, um artista capaz de operar prodígios. Há páginas de médicos na internet que se anunciam como "alquimistas da estética", seja lá isso o que for. Assim, é comum um paciente entrar na sala de operação para procedimentos pré-acertados com o cirurgião e sair de lá com a notícia de que "aproveitando a anestesia" ele foi um pouco além. "Em uma das lipoaspirações que fiz, entrei para corrigir a barriga e o culote, mas o médico acabou tirando gordura das costas e da parte interna das coxas", conta a paulistana Márcia Sanchez, de 42 anos, duas lipos, uma plástica no abdômen e três rinoplastias. "Em outra ocasião, pedi apenas para diminuir um pouco o dorso do nariz e o cirurgião levantou a ponta, deixando-o arrebitado contra a minha vontade", diz.

Por vender a idéia de que é possível ter o corpo dos sonhos, o rosto perfeito, a cirurgia plástica é uma das áreas mais lucrativas da medicina. Isso é bom porque favorece o desenvolvimento constante de novas tecnologias. E os avanços tornaram os procedimentos acessíveis a uma quantidade enorme de pessoas. O lado sombrio é que a busca por um ideal de beleza inatingível e pela eterna juventude alcançou proporções preocupantes. "A popularização da cirurgia plástica nos últimos anos motivou tanto os cirurgiões quanto os pacientes a pensar no corpo não como algo que pode, mas que deve ser melhorado", disse a VEJA o professor de comunicação John Jordan, da Universidade de Wisconsin-Milwaukee, nos Estados Unidos. Em uma cultura obcecada pela aparência (na verdade, por uma aparência pasteurizada) e juventude, as pessoas que não têm a intenção de mexer no próprio corpo passam por desleixadas. Esse tipo de distorção já motivou campanhas, entre os americanos, contra a obsessão pela plástica. Em uma delas, uma mãe exibe um cartaz ao lado das duas filhas, com a seguinte frase: "Eu não preciso de cirurgia plástica porque quero que minhas filhas se pareçam comigo".

Conselho dos médicos sérios para mulheres e homens que querem melhorar o aspecto físico, mas sem vestir a máscara da plástica? "A chave do rejuvenescimento está em evitar mudanças drásticas, principalmente no rosto", diz o cirurgião Prado Neto. Antes de mais nada, é preciso entender que o conceito de belo envolve proporção, simetria e equilíbrio. A beleza do rosto de uma mulher está nas maçãs salientes, nos lábios carnudos, nos seios razoavelmente fornidos. No rosto de um homem, ela está expressa principalmente na ossatura angulosa. Mas, como a face não é feita de estruturas isoladas, sua harmonia está no conjunto. Às vezes, uma rinoplastia para reduzir o nariz é uma péssima idéia. Dependendo do formato do rosto, o nariz pequeno destrói a simetria facial, ao criar a impressão de que os olhos ficaram próximos demais. Os famosos lábios de Angelina Jolie são resultado de uma combinação harmoniosa. No rosto de outra pessoa, podem ser – e são em grande parte das vezes – um desastre estético. É possível chegar enxuta (ou enxuto) aos 60 anos, sem destruir a beleza do tempo vivido. Feio é querer aparentar vinte anos a menos. Essa história nunca acaba bem. A menos, é lógico, que você ache a máscara da plástica um ótimo padrão estético.

Contra as mulheres-travestis


Ernani d`Almeida
O cirurgião Carlos Fernando Gomes de Almeida: "Ninguém vai a um cardiologista e pede duas pontes de safena e uma mamária. Por que fazem isso no consultório de um plástico?"

O cirurgião plástico fluminense Carlos Fernando Gomes de Almeida, de 50 anos, é um dos mais requisitados do país. Boa parte da fama que conquistou se deve à sua técnica de lifting facial. Conhecido como "doutor mão leve", ele tem horror a exageros. Almeida deu a seguinte entrevista a VEJA.

O que pode e o que não pode no consultório de um cirurgião plástico? Envelhecer mal, com muitas rugas, não combina com o padrão da atualidade. Por isso, acho compreensível a ansiedade das mulheres na faixa dos 50 anos que me procuram. A maior parte delas não está correndo desesperadamente atrás da juventude. Só quer envelhecer bem. Mas há um tipo de paciente que não sabe exatamente o que quer. Algumas se sentam na minha frente e me perguntam o que devem fazer. Não é assim que funciona.

E como é que funciona? O ideal é que a paciente me diga o que a incomoda exatamente e aí, sim, eu avalie se o que ela quer é tecnicamente viável. Na maioria das vezes, não é. Mas o pior mesmo são as pacientes que vão aos consultórios como quem vai ao supermercado. Acham que plástica é como um produto sujeito à sua própria escolha e que cabe ao cirurgião executar os seus desejos, sem discussão. Ora, ninguém vai a um cardiologista e pede duas pontes de safena e uma mamária. Por que fazem isso no consultório de um plástico?

A que o senhor atribui as bizarrices que desfilam por aí? Você se refere às mulheres-travestis? Ninguém as critica porque ninguém tem coragem de falar que aquilo está um horror. Se alguém muito próximo, como uma irmã, diz que o resultado não ficou bom, ela acha que é inveja. Surgiu até um novo biotipo feminino: ela tem cabelo liso loiro, nariz mínimo, boca grande, seios fartos e bumbum grande. E usa calça colada. São todas iguais. Parecem saídas da mesma fábrica. O curioso é que os próprios travestis estão fazendo o caminho inverso dessas mulheres. Eram absurdamente exagerados, com próteses grandes e lábios enormes, e agora tentam se aproximar das curvas e dos traços femininos normais.

Mas são os médicos que estão no comando dessa linha de produção. Os criadores dessas criaturas são os médicos, não há como negar. Se todos se ativessem a um padrão estético mais harmônico, as mulheres-travestis não existiriam. O que ocorre é que falta a muitos um critério de beleza mais apurado. Há também os que fazem o que as clientes pedem, não importando o resultado, porque só se interessam pelo pagamento. Não lhes falta senso estético, e sim ética.



Entrar na faca e fazer bem à alma

Manoel Marques
Delaine Nicolau: orgulho dos cabelos presos, esticados para trás


Atribui-se ao médico italiano Gaspare Tagliacozzi, um dos pioneiros da cirurgia plástica, a primeira associação entre correção estética e melhora da auto-estima do paciente. "Faz bem ao espírito e à mente", escreveu em seu livro De Curtorum Chirurgia per Insitionem, publicado em 1597. Nele, Tagliacozzi relata com detalhes a técnica que desenvolveu para reconstrução de nariz. A maioria de seus pacientes era vítima de mutilações em duelos.

Os benefícios psicológicos de uma cirurgia plástica, quando bem feita e bem indicada, são mesmo inegáveis. A esteticista paulistana Delaine Nicolau, de 45 anos, sofreu com as orelhas de abano por mais de duas décadas. Na escola, era chamada de Dumbo, Noviça Voadora e Topo Gigio. Apesar de o problema poder ser reparado por volta dos 6 anos, quando a orelha atinge cerca de 80% do tamanho que terá na vida adulta, Delaine só se submeteu a uma intervenção aos 24 anos, quando recebeu seu primeiro salário. "Minha família sempre achou bobagem, dizia que eu era linda e que ninguém iria olhar para minhas orelhas. Mas o fato é que eu vivia me escondendo, usando faixas e lenços na cabeça", diz. "A cirurgia foi libertadora." A primeira coisa que Delaine fez depois da operação foi ir ao encontro dos amigos com os cabelos presos, num rabo-de-cavalo bem esticado.

A influência das intervenções estéticas sobre a auto-estima, no entanto, tem limitações. Recorrer à cirurgia cosmética com o intuito de resolver questões de ordem psicológica mais profunda invariavelmente dá errado. "O cirurgião plástico não deve tocar em pacientes que estão passando por problemas sérios ou por grandes mudanças na vida, como separação ou mudança de emprego", diz José Tariki, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. "É grande a probabilidade de, nessas situações, a cirurgia ser um subterfúgio. Quando isso acontece, o risco de o paciente se arrepender é enorme, mesmo se os resultados forem bons." Na maioria das vezes, os pacientes recorrem ao cirurgião plástico com pedidos pertinentes. "Em 70% dos casos, as solicitações são absolutamente razoáveis", diz o cirurgião plástico João de Moraes Prado Neto.

Lailson Santos
A advogada Simone Machado: auto-estima recuperada


A boa plástica é aquela que passa despercebida. O aprimoramento das técnicas e do instrumental cirúrgico possibilita resultados muito próximos do natural. Há quinze anos, as próteses de silicone, por exemplo, costumavam deixar a mama endurecida. Hoje, isso só ocorre em 5% dos casos. A diferença está na qualidade do implante. As novas próteses são revestidas de uma esponja de poliuretano, material mais bem-aceito pelo organismo. O lifting também passou por grandes mudanças técnicas. Antes, a cirurgia consistia no estiramento da pele, em direção às orelhas – o que conferia aos operados o aspecto de boneca. Agora, além da pele, os músculos superficiais da face são reposicionados. E o estiramento não é mais para o lado, mas em direção ao topo da cabeça, respeitando a anatomia do rosto. Todos esses avanços, é lógico, são anulados quando se parte para o excesso.

Durante parte da adolescência, a advogada paranaense Simone Fernanda Porto Machado, hoje com 36 anos, teve de conviver com um nariz que lhe desagradava. Por causa de um desvio de septo, o dorso era "alto demais", segundo ela. A imperfeição fez de Simone uma adolescente introvertida e retraída. Depois de passar pela rinoplastia, sua vida mudou. Tornou-se uma moça vivaz, alegre. Quatro anos atrás, após duas gestações, Simone voltou à mesa de operação. Queria recuperar os seios da juventude. "Depois de amamentar dois filhos, meus seios murcharam", diz a advogada. "Eu morria de vergonha do meu marido. Só dormia de sutiã." Com 1,64 metro de altura e 51 quilos, Simone hoje carrega (orgulhosíssima) 250 mililitros de silicone em cada mama. No mesmo procedimento, por sugestão do médico, a advogada tirou ainda um pouco de culote e de barriga. Ficou bom.

A cirurgia de embelezamento nasceu das operações reparadoras, como as executadas pelo dottore Tagliacozzi, lá no século XVI. Ela ganhou impulso durante a I Guerra Mundial, diante da escala incomensurável de soldados com danos faciais extensos. Na década de 1920, uma revista feminina americana publicou o primeiro artigo sobre as benesses das intervenções estéticas para o ego. O título "Por que envelhecer? O valor da face", estampado na publicação Ladies’ Home Journal, antecipava as chamadas de capa mais recorrentes das revistas femininas da atualidade.





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FOTOS PHOTODISC, ANDREW OLNEY/GETTY IMAGES/ROYALTY FREE E PETER DAZELEY/GETTY IMAGES
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