Com sua experiência na venda de passagens e em turismo, o comendador Zuanazzi, comandante da Anac, se acha plenamente apto a exercer um cargo técnico que exige alta competência e responsabilidade, vital para a economia e a segurança do país: "Afinal, é o turismo que enche os aviões", gracejou. Mas nem isso é verdade, o transporte de carga e as viagens de negócios também enchem os cofres das companhias. E dos governos. Qual seria a sua qualificação para o cargo, além da fidelidade partidária e do apadrinhamento de uma ministra poderosa? Até no Brasil, há um mínimo de exigência. Mas um máximo de complacência. O Senado, inclusive a oposição, após sabatinar, com o rigor de sempre, o indicado por Lula, aprovou-o sem restrições. Deu-lhe um mandato de cinco anos e poderes e imunidades de que nem os senadores, o presidente ou a ministra que o apadrinhou desfrutam. Agora fingem espanto e indignação, enquanto conspiram para absolver Renan Calheiros, que agradece a mudança de foco da mídia nazista e fascista. Todos os senadores que aprovaram o comendador Zuanazzi, Denise Charuto, Lomantinho e os outros diretores da Anac são tão responsáveis quanto quem os indicou, por avalizarem o aparelhamento partidário em agência de tal importância. Claro, porque eles também têm seus apadrinhados igualmente inaptos indicados a cargos igualmente importantes para o país, são confrades na politicagem irresponsável. É assustador imaginar o tamanho do prejuízo -em reais, além de vidas sem preço- provocado pelas trapalhadas e tragédias em que a Anac, a Infraero e o Ministério da Defesa dividem a responsabilidade com as companhias aéreas. E com os eleitores dos senadores que aprovaram os responsáveis por essa desastrosa farsa. |