quarta-feira, novembro 29, 2006

BRASIL VARONIL Dora Kramer

BRASIL VARONIL
Dora Kramer

A oposição tem se empenhado fortemente para confirmar as acusações que lhe eram feitas pelos governistas, segundo as quais seu furor moral guardava relação com a campanha eleitoral e nada mais.

De dossiê Vedoin, PSDB e PFL não podem mais falar, dado o corpo mole de ambos os partidos na CPI dos Sanguessugas, em franca adesão a uma operação compasso de espera para o fim oficial dos trabalhos.

De máfia das ambulâncias tampouco podem tratar com desenvoltura. Ontem, mansíssimos na reunião do Conselho de Ética do Senado, tucanos e pefelistas - com a única exceção do senador Demóstenes Torres - deixaram de lado o consistente relatório do senador Jefferson Peres, apontando quebra de decoro do senador Ney Suassuna, e aprovaram o voto em separado do senador Wellington Salgado, pedindo uma censura verbal.
Tão serelepe estava a oposição que o senador Heráclito Fortes chegou atrasado, mas deu seu voto 'sim' à censura verbal sem saber o que se passava, por indicação risonha dos companheiros de plenário. Todos acharam muito engraçado o gesto.

De impugnação dos mandatos de deputados eleitos e sobre os quais pesam provas de envolvimento em abuso de poder econômico, corrupção ou fraude - assunto muito ventilado durante a campanha - também não se ouve mais falar.

Nenhuma palavra, nem mesmo sobre o caso do deputado eleito Juvenil Alves, preso pela Polícia Federal sob a acusação, sustentada pelo Ministério Público, de chefiar uma organização criminosa especializada em crimes financeiros. A quadrilha, segundo a PF e os procuradores, deu prejuízo de R$ 1 bilhão ao erário.

O artigo 14 da Constituição reza que os mandatos podem ser impugnados até 15 dias a contar da data da diplomação (ainda não ocorrida), mediante ação junto à Justiça Eleitoral.

Do jeito que a coisa vai, restará comprovada a limitação do ímpeto ético a períodos pré-eleitorais e a situações que envolvam exclusivamente gente do PT ou do baixo clero governista.